Aldemir Bentes de Maués
Ficção
O cenário era de desolação.
Cochichos, murmúrios ao pé do ouvido, gestos...Alguns, se reservaram ao
silêncio total, preferiram ficar inertes, afogados em seus pensamentos, os mais
íntimos, secretos...
A fisionomia de todos era
séria, de preocupação, indignação, vergonha, decepção...
Foi assim até o chefe maior,
apaziguador, começar a falar...com saudação a todos, quebrou o silêncio.
Passava da meia noite,
madrugada...em suas mentes, somente os zumbidos dos foguetes que ao longo do
dia, dominaram o ar de Maués e bote foguetes... até os urubus, adiaram seus
voos rotineiros.
E o chefe maior de forma
educada, tentando mostrar tranquilidade, perguntou “o que acharam?”.
Cochichos, murmúrios incompreensíveis
tomaram conta da sala....
Como em toda reunião, grupos
de pessoas, existem os que são reconciliadores, mas, existem os que falam na
“lata”, o real e questionam com fatos e argumentos seus pontos de vistas e
assim, um desses, sem trava na língua questionou, “me desculpem, mas foi um
vexame, um fracasso” ...
O chefe e outros, quiseram
“apagar o fogo” e em tom de negociação, perguntaram, “em que sentido você
considera fracasso?” ...e o sem papa na língua retrucou, “em todos os sentidos,
frente a estrutura, ao investimento pesado que aqui colocamos”, alfinetou.
Os cochichos aumentaram e
outros, que aguardavam a oportunidade de desabafar, tomaram a frente, tomaram
coragem e soltaram seus rugidos de revolta, “como pode, senhores, um deputado,
líder do governo, três vezes prefeito desta cidade, com todo apoio do governo,
inclusive, com a estrutura colocada a disposição para esse evento e nada vimos
que pudesse justificar todo esse aparato que aqui foi colocado”, “o que vimos,
e eu vi senhores”, prosseguiu “foi um minúsculo amontoado de pessoas, que não
chegavam a dois vãos de poste de iluminação pública”, exaltado, continuou “uma
vergonha, diferente daquilo que a nós foi apresentado, que aqui teríamos uma
grande recepção, que o povo viria em massa para prestigiar o nosso evento, mas,
o que vimos eu já descrevi, passei vergonha, me senti envergonhado, mesmo não
sendo filho daqui”, concluiu.
Como uma conversa puxa a
outra, outro comentário surgiu, “o caso é senhores, valeu a pena todo esse
investimento aqui colocado?” e o mesmo senhor, prosseguiu, “não, não valeu a
pena e olha que nos prometeram que nas últimas eleições, tiveram, os dois
grupos junto, mais votos que o prefeito eleito, uma vergonha, estou
decepcionado”.
Foi assim e os dois maiores
responsáveis pelo fracasso apontado e questionado, se entreolhavam, tentando
buscar, do fundo de suas mentes, uma resposta, um culpado, claro, que não
fossem eles...
A madrugada passou rápida
demais, e nem os famosos charutos cubanos conseguiram acalmar a mente de um deles...e
a raiva, o ódio o dominou, mais uma vez...
E celulares voaram contra a
parede...e num silêncio mortal, ele viu, aliás, eles viram a pretensão de
ascensão ao poder irem para o espaço...
Na vida é assim, uma hora
podemos, em outras, ACHAMOS QUE PODEMOS...
A cabeça de cada um ser
deste planeta, é uma caixinha de surpresa...
Maués, nossa Terra, Nosso
Amor, 15 de setembro de 2014, que o dia de 14/09/14 fique na história, o dia do
fracasso, da decepção e da derrota.
Boa tarde, saboreando um
çapó, embalando na rede.
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