segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O CONTO DE DEPOIS DA MEIA NOITE



Aldemir Bentes de Maués
Ficção
O cenário era de desolação. Cochichos, murmúrios ao pé do ouvido, gestos...Alguns, se reservaram ao silêncio total, preferiram ficar inertes, afogados em seus pensamentos, os mais íntimos, secretos...
A fisionomia de todos era séria, de preocupação, indignação, vergonha, decepção...
Foi assim até o chefe maior, apaziguador, começar a falar...com saudação a todos, quebrou o silêncio.
Passava da meia noite, madrugada...em suas mentes, somente os zumbidos dos foguetes que ao longo do dia, dominaram o ar de Maués e bote foguetes... até os urubus, adiaram seus voos rotineiros.
E o chefe maior de forma educada, tentando mostrar tranquilidade, perguntou “o que acharam?”.
Cochichos, murmúrios incompreensíveis tomaram conta da sala....
Como em toda reunião, grupos de pessoas, existem os que são reconciliadores, mas, existem os que falam na “lata”, o real e questionam com fatos e argumentos seus pontos de vistas e assim, um desses, sem trava na língua questionou, “me desculpem, mas foi um vexame, um fracasso” ...
O chefe e outros, quiseram “apagar o fogo” e em tom de negociação, perguntaram, “em que sentido você considera fracasso?” ...e o sem papa na língua retrucou, “em todos os sentidos, frente a estrutura, ao investimento pesado que aqui colocamos”, alfinetou.
Os cochichos aumentaram e outros, que aguardavam a oportunidade de desabafar, tomaram a frente, tomaram coragem e soltaram seus rugidos de revolta, “como pode, senhores, um deputado, líder do governo, três vezes prefeito desta cidade, com todo apoio do governo, inclusive, com a estrutura colocada a disposição para esse evento e nada vimos que pudesse justificar todo esse aparato que aqui foi colocado”, “o que vimos, e eu vi senhores”, prosseguiu “foi um minúsculo amontoado de pessoas, que não chegavam a dois vãos de poste de iluminação pública”, exaltado, continuou “uma vergonha, diferente daquilo que a nós foi apresentado, que aqui teríamos uma grande recepção, que o povo viria em massa para prestigiar o nosso evento, mas, o que vimos eu já descrevi, passei vergonha, me senti envergonhado, mesmo não sendo filho daqui”, concluiu.
Como uma conversa puxa a outra, outro comentário surgiu, “o caso é senhores, valeu a pena todo esse investimento aqui colocado?” e o mesmo senhor, prosseguiu, “não, não valeu a pena e olha que nos prometeram que nas últimas eleições, tiveram, os dois grupos junto, mais votos que o prefeito eleito, uma vergonha, estou decepcionado”.
Foi assim e os dois maiores responsáveis pelo fracasso apontado e questionado, se entreolhavam, tentando buscar, do fundo de suas mentes, uma resposta, um culpado, claro, que não fossem eles...
A madrugada passou rápida demais, e nem os famosos charutos cubanos conseguiram acalmar a mente de um deles...e a raiva, o ódio o dominou, mais uma vez...
E celulares voaram contra a parede...e num silêncio mortal, ele viu, aliás, eles viram a pretensão de ascensão ao poder irem para o espaço...
Na vida é assim, uma hora podemos, em outras, ACHAMOS QUE PODEMOS...
A cabeça de cada um ser deste planeta, é uma caixinha de surpresa...
Maués, nossa Terra, Nosso Amor, 15 de setembro de 2014, que o dia de 14/09/14 fique na história, o dia do fracasso, da decepção e da derrota.
Boa tarde, saboreando um çapó, embalando na rede.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente essa matéria.Comentários alheios ao assunto ou que agridam a integridade moral das pessoas, palavrões, desacatos, insinuações, serão descartados.

SIGA ESTE BLOG