*Por Marcello Cardoso
Marcello Cardoso |
Qualquer pai, com raras exceções, treme nas bases quando o filho demonstra vocação para as artes. Esse temor é fruto do preconceito contra a carreira artística, justificado pela desculpa de não querer que os filhos sofram caminhando pela trilha tortuosa das artes, onde muitos ingressam, mas poucos são escolhidos pela glória e a fortuna.
Mas observando a situação da classe artística, pode-se afirmar que eles (os pais) até que têm uma certa razão, levando-se em conta a indiferença dos Poderes Públicos com relação a essa atividade fundamental para o progresso do país.
É claro que o mundo está cheio de artistas bilionários, bem-sucedidos, afagados pela crítica. Mas isso é puro glamour. Na contraluz dos holofotes e dos aplausos, sobrevive uma quantidade maior de artistas que não alcançaram ainda ou nunca vão alcançar a glória, sem que isso os torne menos importantes. Mas por tratar-se de seres especiais persistem em seu trabalho, lutando pelas suas idéias por amor à arte, idealismo esse que os leva a conseqüências desastrosas no final da vida.
Talvez o exemplo maior desse desfecho seja VanGogh, o genial pintor holandês que morreu sem ter vendido uma obra sequer. Aproximando-nos mais, agora em close-up, o nosso Afrânio de Castro, em seu mergulho fatal nas águas do rio Negro levou consigo as dificuldades da sua curta vida de artista, assim como Manoel Borges, outro dos nossos melhores artistas plásticos, morto em condições misteriosas, ambos, vítimas de uma vida de penúria, boemia e falta de apoio.
O escritor Áureo Nonato, autor da “Canção de Manaus” e “Os Bucheiros”, premiado pela Academia Brasileira de Letras no início da sua carreira, viveu seus últimos dias na solidão de um asilo. Nas artes dramáticas o exemplo vivo das dificuldades do artista está personificado na atriz Edinelza Sahado, a Dama do nosso teatro, que luta por uma aposentadoria que já tarda.
Na música, a compositora do hit “Brasileira”, a nossa “caboquinha” Lucinha Cabral também enfrenta sérias dificuldades, que a força da sua voz disfarça quando entra em cena e mergulha nos aplausos dos seus fãs.
O trabalho do artista, aquilo que se vê no palco, impresso no papel, marcado na tela, ouvido no rádio é árduo e demorado. O artista não tem férias nem feriados. Um trabalho artístico pode demorar até uma década para ser concluído. O artista pode ser autor de uma única obra que lhe consumiu a vida para ser terminada. É, portanto, um modo peculiar de trabalhar, talvez por isso incompreendido, considerado fácil, efêmero. E até desnecessário. Afinal, para que serve a arte? – muitos se perguntam.
Em caráter municipal nossos artistas da terra: cantores, compositores, músicos, artistas plásticos e bailarinos ainda na sua modéstia se destacam por sua genuinidade tipicamente mauesense, a imprensa do estado se rende aos encantos do artista de Maués, que mesmo com falta de apoio faz do dom a sua história, e ainda o chamam de “medíocres” quando vão a público expor suas opiniões. Temos uma cultura única, nossos artistas são inigualáveis; e incomparáveis...
A imprensa estadual em seu pouco conhecimento do ápice da cultura mauesense faz destaque à “disputa” das lendas do guaraná de Maués e cita que ela é totalmente desnecessária, uma vez que o artista mauesense não precisa entrar em uma disputa para demonstrar o quanto é capaz de fazer e criar, tudo por amor à cultura. E mais uma vez reafirmo “Maués tem uma cultura única... nossos artistas são inigualáveis“.
Então, se você sorriu, aplaudiu e se entusiasmou com a arte, retribua esses momentos que certamente mudaram a sua visão do mundo e o transformaram em uma pessoa melhor. Apóie os artistas, valorize o que é da terra!
Por
Marcello Cardoso, 23 anos
Presidente da Liga do Mito e Lendas do Guaraná de Maués
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