Renata Mello/Transpetro | ||
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, durante cerimônia de |
GABRIEL MASCARENHAS
AGUIRRE TALENTO
DE BRASÍLIA
AGUIRRE TALENTO
DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Teori Zavascki homologou a
delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que faz
citações sobre o possível envolvimento da cúpula do PMDB no esquema de
corrupção da Petrobras.
Agora, a Procuradoria-Geral da República pode usar a colaboração para
pedir a abertura de novos inquéritos da Lava Jato e para incluir
detalhes em investigações que já estão em andamento no Supremo, além de
poder pedir que trechos de eventuais menções de pessoas sem foro
privilegiado sejam analisados pelo juiz Sérgio Moro, no Paraná.
A delação de Machado veio a público após a Folha revelar nesta
segunda (23) que ele gravou conversas com peemedebistas para negociar a
colaboração. Os áudios divulgados pela reportagem provocaram a primeira
crise do governo Temer, levando à saída do senador Romero Jucá (PMDB-RR) do Ministério do Planejamento. Jucá apareceu defendendo um pacto para deter a Lava Jato.
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), padrinho de Machado, também foi gravado.
Machado vinha conversando há alguns meses com os investigadores para
tentar costurar a delação, revelando detalhes do esquema de corrupção em
troca de benefícios, mas, inicialmente, chegou a enfrentar resistências
pelo material oferecido. Apontado como afilhado do presidente do
Senado, Machado ocupou o comando da subsidiária por dez anos e só saiu
após os desdobramentos das investigações do esquema.
Pedro Ladeira - 5.abr.16/Folhapress | ||
Romero Jucá (PMDB-RR), senador licenciado e ministro do Planejamento, em fala no Senado Federal |
CORRUPÇÃO
Machado e Renan são alvos de apurações no Supremo por suspeita de
envolvimento com o esquema de corrupção da Petrobras. O ex-presidente da
Transpetro também faz parte de um pedido da Procuradoria para que seja
incluído como investigado no principal inquérito da Lava Jato, que apura
se uma organização criminosa atuou nos desvios da estatal.
Delatores como Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Fernando Baiano, Ricardo
Pessoa apontaram Renan como destinatário de propina desviada da
Transpetro. Há ainda citações sobre o envolvimento de Machado, que teria
aceitado a delação com receio de ser preso.
Segundo investigadores, Machado era uma peça importante para avançar
sobre um possível envolvimento da cúpula do PMDB no Senado com os
desvios na Petrobras.
Em dezembro, Machado chegou a ser alvo de busca e apreensão da Polícia
Federal e do Ministério Público Federal em um dos desdobramentos das
investigações.
A Folha mostrou em novembro, que em depoimento à Polícia Federal,
Machado disse ainda que sua indicação para o cargo foi patrocinada pelo
PMDB nacional. "Tal indicação foi resultado de uma avaliação do próprio
partido, por seus líderes, membros e dirigentes, não se podendo
atribuí-la a uma pessoa ou outra".
Ele chegou a admitir que teve encontros com Fernando Soares, o Baiano,
apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras.
Fernando Baiano e Paulo Roberto Costa, dois delatores, afirmaram em seus
acordos de colaboração premiada que Renan era beneficiário dos desvios
da subsidiária. Costa, ex-diretor de Abastecimento, disse ainda que
Machado lhe entregou ainda R$ 500 mil em espécie.
Investigadores encontraram anotações de Costa com FB e Navios, que segundo a PF são referências a Fernando Baiano e Transpetro.
Questionado pela PF sobre reuniões com Fernando Baiano, Sérgio Machado
reconheceu que conhece o lobista e que estiveram juntos na Transpetro
"em algumas oportunidades, com o propósito de tratar de empresas que ele
[Baiano] representava."
OUTRO LADO
O presidente do Senado, Renan Calheiros tem negado que tenha relação com
o esquema de corrupção na estatal e sempre disse que suas relações com
dirigentes de empresas públicas "nunca ultrapassaram os limites
institucionais".
Procurado, Machado não foi localizado.
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