segunda-feira, 19 de março de 2012

“Guardiões da Cidade”

Por Marcelo Ramos

Aproxima-se o processo eleitoral para escolha de prefeitos e vereadores. Em Manaus, deverão ser aproximadamente 1000 candidatos a vereador.
Platão em “A República”, após idealizar o Estado com base na essência do que concebe como justiça, passar a tarefa de refletir sobre como recrutar e instruir os chefes desse Estado, os “guardiões da cidade”. Para o filósofo grego, a convivência comunitária, acompanhada de preparação física e moral, além de educação política e científica, seriam os requisitos para a formação de um “chefe”.

Confrontada com a nossa realidade, a lição de Platão ganha certo idealismo.

Infelizmente, as escolhas que deveriam levar em conta o nível de conhecimento dos problemas cidade, o compromisso com os valores éticos e morais da sociedade e o preparo para apresentar soluções eficientes, hoje são movidas pela força do poder econômico e pela demagogia, manifestadas pelo uso da máquina pública e pela demagogia.

Sendo os “guardiões da cidade”, eleitos com base na exploração da miséria e na compra de consciências, cabe a eles, no poder, servir a manutenção das estruturas que os beneficiam. Eleitos, tornam-se agentes dos interesses que os elegeram e não representantes legítimos e independentes do povo.

Mais que isso, as estruturas corrompidas afastam da política os homens e mulheres de bem e cada vez mais se ouve a afirmação de que política é coisa pra bandido. Não! Política é coisa pra gente de bem, pra quem tem espírito público, pra quem se preocupa com os problemas da cidade, estuda, reflete e constrói soluções pra enfrentá-los. Pra quem age com ética e coragem, pra quem comanda com sabedoria e temperança.

Platão afirma que os bons devem ser induzidos a governar, não pela ambição que não existe neles, mas, ao menos, pelo medo serem governados por um perverso.

Que tenhamos bons à disposição para “guardar a cidade” e que o povo seja capaz de distingui-los entre tantos.

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