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Pastor Francisco Antônio Pereira |
RESUMO
A
atuação das Igrejas Evangélicas no Brasil têm sido um instrumento de
manipulação capitalista. Esta manipulação pode ser explicada partindo-se do
princípio do domínio ou da “domesticação” que os pastores exercem sobre o
rebanho (membros destas igrejas). Após o proselitismo e o batismo, formas de
ingresso nestas igrejas, os neófitos passam a fazer parte do rol de membros. É
neste contexto que a pessoa, ou seja, o novo membro, começa a ser manipulado
pela igreja para fins e propósitos econômicos em um sistema no qual uma pessoa
(física ou jurídica) detém os meios de produção como propriedade privada e
investe cada vez mais na manutenção e ampliação do empreendimento. Sob esta
ótica do capitalismo aqueles que se afiliam a uma igreja evangélica torna-se um
elemento na linha de produção.
Nesta
produção está contida a confecção de literatura, música, filmes, programas de
rádio e televisão (marketing) e inúmeras atividades com caráter de arrecadação
para igreja. Em troca a igreja usa, aplica a sua doutrina e/ou teologia da
prosperidade para convencer o adepto a trabalhar e produzir cada vez mais e
assim, alcançar uma vida de verdadeiro filho do Deus dono do ouro e da prata.
Do ponto de vista da sociologia da religião esta práxis das Igrejas Evangélicas
Brasileiras as tornam instrumentos de manipulação capitalista.
Palavra – Chave:
Igrejas Evangélicas, Alienação e Capitalismo.
INTRODUÇÃO
Sabemos
que na sua essência o capitalismo visa uma sociedade voltada para obtenção e
acúmulo de lucros; uma vez que o acúmulo de lucro é o elemento gerador da
riqueza. Com seu domínio dos meios de comunicação e sua capacidade indiscutível
de manipulação das massas; o sistema capitalista de economia tornou-se uma
espécie de Deus da nossa era.
Impotente
diante do “adversário forte” a Igreja Evangélica Brasileira, simplesmente
curvou-se ao sistema e juntou-se a ele, passando a servi-lo inconsciente ou
conscientemente. Vivemos uma época que todos querem viver os princípios
presados pelo capitalismo, princípios estes que podem ser resumidos em um verbo
“ter”. A Igreja Evangélica no Brasil, se rende a “doutrina” capitalista e sua
classe social (as ovelhas) como fonte de renda, com a finalidade de chegar a
“ter”. Assim a retorica das igrejas evangélicas, passa a ser: Juntos teremos!
O
grande problema reside no fato da igreja como arrecadadora e acumuladora de
capital, ter! Mas o seu membro apenas “Ser” usado por um longo período de
tempo, numa perspectiva de vir a ter. Este alvo que a igreja aponta a direção
para o membro atingi-lo é exatamente a conformação com o estilo de vida
capitalista. Em outras palavras a alienação imposta ao evangélico, pela igreja
e a mesma filosofia imposta a sociedade globalizada, pelo capitalismo; um
paradoxo a pregação da igreja que deveria ser não vos conformeis com este mundo
(ou sistema).
Mesmo
o trabalho sendo uma vocação dada por Deus aos homens e o lucro aferido bênçãos
divinas; o acumulo de lucros para a geração de riquezas não deve ser a
motivação daqueles que buscam o evangelho, buscam tesouros nos céus. Sob esta
ótica as Igrejas Evangélicas Brasileiras, deixam de atender ao ide de Jesus
Cristo, automaticamente tornando-se instrumento de manipulação capitalista.
Vale ressaltar aqui que o lucro honesto não é pecado, mas o amor ao dinheiro e
a raiz de todo mal; lembra ainda que os evangélicos confessos, devem buscar em
primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça.
DESENVOVIMENTO
No Brasil, o fiel (aquele (a) devoto
(a) que congrega) evangélico, busca uma igreja por vários motivos dentre eles
na procura por uma situação financeira melhor e é neste calcanhar de Aquiles,
que a igreja ver um público alvo, uma fonte de renda. Muitas pessoas chegam as
igrejas, psicologicamente abaladas, tais pessoas são facilmente alienadas pela
denominação que as dominam.
Pessoas sensíveis e frágeis
psicologicamente são rapidamente alienadas pelos líderes (pastores) das igrejas
evangélicas como forma de domínio psicológico.
Para a
psiquiatria, o alienado mental perde a dimensão de si na relação com os outros!
(ARANHA, 2009, p 70).
A sociedade brasileira é formada por
classes, onde prevalecem à desigualdade social, a injustiça, a exclusão e a
miséria fazem parte da realidade desta população oprimida sociologicamente, que
procuram as igrejas evangélicas na esperança de viver um novo contexto, em um
novo grupo social, uma sociedade não hierarquizada, igualitária e justa.
No Brasil
esta esperança se manifestou-se em vários movimentos políticos – religiosos,
populares, como foi o caso de canudos – na Bahia – para significar o reino de
felicidade e abundância que mudaria para sempre a face desértica e miserável do
sertão nordestino, o chefe religioso de canudos Antônio Conselheiro, dizia: “ o
sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. (Guerra dos Canudos – 1893 –
1897, Mota e Braick, 2010, p 31).
Naquele dado momento da nossa
história, foi apenas um líder religioso que levou milhares de fiéis/devotos à
alienação e consequentemente a destruição. No atual contexto histórico
brasileiro, muitos líderes religiosos estão levando milhões de fiéis ao erro e
os transformando em fonte de renda. Simplificando, cada fiel é um cliente;
assim como para conselheiro cada fiel era um combatente em potencial.
Alguém pode contestar que
conselheiro não era evangélico. Mas quando se trata de alienação religiosa e
exploração da fé de pessoas simples, não importa se o líder é evangélico ou de
outra religião, o resultado é sempre desastroso. Afinal toda forma de dominação
é desastrosa quando tira do indivíduo suas faculdades de direito e liberdade ou
seja, toda sua essência do ser.
Sabe-se que as formas de dominação
mais usadas são religiosas, a econômica e a política. Em nosso país a economia
capitalista dominou a religião evangélica. Esta por sua vez tornou-se serva do
capitalismo. Assim sendo a práxis das igrejas evangélicas brasileiras é
robotizar seus membros e mantê-los dentro do sistema econômico e ao seu
serviço. Isto posto a estabilidade financeira, e o acesso a uma excelente
qualidade de vida é a prédica (sermão) das igrejas evangélicas brasileiras
atualmente; somente quem detiver (no sentido de possuir) tais “sinais” em sua
vida, poderá considerar-se e ser considerado “abençoado” por Deus e membro da
igreja.
Aqueles irmãos mais simples, mais
humildes que estão na igreja e ainda não alcançaram um padrão de vida digno na
concepção capitalista/cristã da igreja. Devem continuar se esforçando em
campanhas e propósitos para atingir a meta, de todo cristão evangélico
brasileiro. Isto é dar um bom testemunho, de uma vida com abundancia; uma vez
que o homem ou a mulher abençoado(a) é aquele, aquela que tem um elevado poder
aquisitivo.
Neste contexto a igreja evangélica
brasileira, está considerando homens de bem, aqueles que são homens de bens.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se que não são todas, mas a
maioria das igrejas brasileiras, mesmo com registro de entidade de
personalidade jurídica sem fins lucrativos são instrumento de manipulação
capitalista. Tais igrejas pecam na sua atuação e enfrentam dois gargalos como
problemática: o primeiro é fazer acepção de pessoas (discriminação); logo as
pessoas “mais abençoadas”, bem-sucedidas no seio da igreja são tratadas de
forma privilegiada, recebendo honrarias, cargos, funções e títulos. Aquelas
consideradas mais humildes, são apenas um número a mais no rol de membros.
O outro problema surge quando o
crente (fiel) percebe – depois de algum tempo – que está sendo manipulado,
alienado, explorado ele encontra duas opções de escolhas: ele sai da igreja,
passando ser considerado um rebelde desviado ou como segunda opção ele (a)
“abre” (cria, funda) sua própria igreja; passando a explorar, manipular e
alienar outras pessoas, com a finalidade de adquiri e acumular lucros.
Assim neste círculo vicioso, surgem
novas igrejas evangélicas todos os dias em nosso país; estas pequenas igrejas
quase sempre se tornam grandes negócios; mas sempre pequenas ou grandes são
instrumentos de manipulação capitalista.
REFERÊNCIAS
ARANHA,
Maria Lúcia de Arruda. Temas de
Filosofia.
COSTA,
Cristina. Sociologia. 2. Ed Moderna.
2005.
MARTINS,
Marie Helena Pires. Filosofando. Introdução
a filosofia. Ed Moderna 2009.
OLIVEIRA,
Pérsia Santos. Introdução à sociologia.
Ática 2002.
TOMAZI,
Nelson Dacio. Sociologia. Saraiva
2010.
PARABÉNS, PASTOR! O SEU ARTIGO FOI CIRÚRGICO, PRECISO. O QUE SE PERCEBE É O LOTEAMENTO DO REINO DE DEUS, A MERCANTILIZAÇÃO DO EVANGÉLIO. FOI EXATAMENTE ESTA PRÁTICA DIABÓLICA QUE MOTIVOU MARTIN LUTERO A DEFLAGRAR O CHAMADO MOVIMENTO PROTESTANTE. AGORA AS MÁS PRÁTICAS DOUTRINÁRIAS E PATRIMONIALISTAS DA ANTIGA IGREJA DE ROMA, ESTÃO SENDO ABSORVIDAS INTEGRALMENTE PELO MOVIMENTO PROTESTANTE EM TODO O MUNDO. É HORA DE UMA NOVA REVOLUÇÃO NO SEIO DA IGREJA CRISTÃ, UMA MUDANÇA DE RUMO QUE NOS GARANTA A GRATUIDADE DA GRAÇA DE DEUS, QUE RECOMENDA DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBEMOS. A IGREJA QUE TEMOS HOJE NÃO É A IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SIM A IGREJA DO ISCARIOTES. (BOSCO TAVARES RUELLA).
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