OPERAÇÃO MAUS CAMINHOS
Carros de luxo, imóveis e até jato estão entre os bens
sequestrados. “Era algo cinematográfico, hollywoodiano”, diz
superintendente da PF
20/09/2016 às 13:19
- Atualizado em
20/09/2016 às 13:37
acritica.com
O superintendente da Polícia Federal no Amazonas, o
delegado Marcelo Rezende afirmou, em entrevista coletiva realizada na
manhã desta terça-feira, na sede da PF, em Manaus, que a Operação
“Maus Caminhos” teve o objetivo de “estancar uma sangria que estava
ocorrendo nos recursos públicos da saúde no Amazonas”.
As investigações da Operação, feitas em parceria com a Controladoria Geral da União e a Receita Federal ,
detectaram um desvio de R$ 110 milhões nos recursos do Fundo Estadual
de Saúde do Amazonas, quase metade do montante destinado ao fundo.
Veículos de alto padrão, imóveis, jato e helicópteros estão entre os
bens sequestrados pela operação.
“Fica muito claro que o grupo ostentava elevado padrão de luxo muito
acima da realidade de qualquer brasileiro e brasileira. Quase que algo
cinematográfico, hollywoodiano”, afirmou ele.
A investigação teve início em análise da CGU sobre concentração
atípica de repasses do Fundo Estadual de Saúde à organização social
Instituto Novos Caminhos (INC). Em dois anos, a entidade recebeu mais de
R$ 276 milhões para administrar duas Unidades de Pronto Atendimento
(UPAs), em Manaus e Tabatinga, e um centro de reabilitação para
dependentes químicos, no município de Rio Preto da Eva.
De acordo com as investigações, o montante de dinheiro destinado às
unidades administradas pelo INC eram superior ao do próprio Hospital
Pronto-Socorro 28 de Agosto, que tem uma capacidade muito maior de
atendimento.
“O 28 de Agosto tem, sozinho, oito vezes mais leitos que as duas
unidades médicas e hospitalares. No entanto, recebeu menos da metade dos
recursos destinados a essas duas unidades”, completou o superintendente
Marcelo Rezende.
De acordo com a CGU, todas as empresas investigadas são comandadas
direta ou indiretamente pelo médico e empresário Mouhamad Moustafa. Para
o coordenador da operação, delegado Alexandre Teixeira, o dinheiro
desviado serviu para manter o padrão de vida elevado do chefe da
organização. “Estes recursos públicos foram destinados a sustentar uma
vida de luxo e ostentação de um profissional que deveria prestar bons
serviços à população, que ficou sem ter direito a serviços básicos de
saúde”, afirmou ele.
Marcelo Borges de Souza, chefe da CGU Amazonas, afirmou que parte dos
desvios era feito na contratação de lavagem de roupa hospitalar das
unidades. “O Estado contrata o quilo da lavagem de roupa hospitalar a R$
2,77. O Novos Caminhos pagava R$ 14 por um quilo. Nós estamos falando
de toneladas de roupa lavadas”, detalhou ele, dizendo também que o INC
contratava serviços das empresas Salvare, Simea e Total que sequer foram
executados.
Foram cumpridos 13 mandados de prisão preventiva, quatro mandados de
prisões temporárias, três mandados de condução coercitiva, 40 mandados
de busca e apreensão, 24 de bloqueios de bens e 30 de sequestros de
bens. As medidas aconteceram em residências e empresas nos municípios
amazonenses de Manaus, Itacoatiara e Tabatinga, além das capitais Belo
Horizonte, Brasília, Goiânia e São Paulo. Uma das empresas onde o
dinheiro do rombo na saúde pública era lavado, segundo a PF, era a responsável por gerir a carreira de Wesley Safadão e outros astros da música popular.
Participaram da operação 185 policiais federais, 36 auditores da CGU e 50 auditores da Receita Federal.
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