domingo, 12 de fevereiro de 2012

O AM e os números.

Por Marcelo Ramos

Em 1983, Gilberto Mestrinho voltava do exílio, vencia a eleição para o Governo e anunciava que seu grupo político governaria o Amazonas por 20 anos. Sua profecia foi além, de lá pra cá são 30 anos e só ele, Amazonino, Eduardo Braga e, agora, Omar governaram.
Nesses 30 anos, o Amazonas passou a ter a 4a. arrecadação de ICMS per capita do país, a 4a. produção industrial, construiu um sambódromo com uma cobertura que caiu, uma ponte de R$ 1 bilhão e derrubou um estádio de futebol pra construir outro de 600 milhões. Para você ter uma ideia, só nos 8 anos do último governador, a Receita Corrente Líquida do Amazonas cresceu mais de 100%, saltando de pouco mais de 3 bilhões em 2003 pra mais de 7 bilhões em 2010.
Acontece que, nos mesmos 30 anos, o Amazonas passou a ser o campeão nacional de mortalidade infantil – com o dobro da média nacional, o 4o. com mais miseráveis – com 640 mil pessoas vivendo com menos de R$ 70 por mês, o 2o. com mais crianças e adolescentes fora da escola – com 14% das pessoas em idade escolar sem estudar e o campeão nacional de homicídios, só pra ficar nesses exemplos.
Ou seja, o Amazonas desafia os números. Por absurdo que pareça, nos 30 anos em que a economia cresceu, os índices sociais só pioraram, o que pode ser explicado por mais índice: somos os campeões nacionais de desigualdades sociais e concentração de renda.
Nossos Governantes, de 1983 a 2010 – apenas 3 homens, Gilberto, Amazonino e Eduardo – fizeram os ricos mais ricos e os pobres mais pobres.
Penso que chegou a hora de refletirmos sobre o nosso presente e sobre o nosso futuro. A bela ponte, o belo sambódromo, a bela arena, custaram o preço de crianças mortas, de adolescentes sem escola e de famílias vivendo sem o mínimo de dignidade. Será que valeu a pena?
Nossos olhos podem ver e podemos nos entusiasmar com belas obras, mas chegou a hora do nosso coração e do nossa alma serem tocados pela dor e pelo sofrimento das vítimas dos erros históricos dos nossos governantes.

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