Maués, 17 de maio de 2014
Aldemir Bentes
Ontem, o dia amanheceu com
forte chuva em Maués, mas, a partir da tarde, o sol apareceu e permaneceu noite
adentro.
A cidade estava na
expectativa da visita de um Ministro de Estado, não é todo dia, que uma
cidadezinha do interior da Amazônia recebe tão ilustre visita.
No horário da tarde, deu-se
o grande evento, centenas de pessoas recepcionaram o Ministro e sua comitiva, a
cidade entrou em festa, afinal, a obra da Orla que tanto tempo demorou, entre,
começos e recomeços, ia finalmente, ser inaugurada. E foi...
Ainda pela noite, o pessoal
do apoio, precisamente, os eletricistas que usam como ferramenta uma escada,
foram imbuídos de retirarem as faixas de boas vindas e entregar ao responsável,
e fizeram.
Na equipe de apoio dos
eletricistas, estava o jovem Faust Ynglesson, 25 anos, meu cunhado, irmão de
minha esposa Josiely.
Depois de cumprir com suas
obrigações, foi deixado em sua residência por um amigo, que logo retornou para
descansar.
Faust, sem saber de seu
destino cruel, tomou seu banho, ligou seu ar, a sua TV e foi sentar-se em um
bando comum na entrada do quarto onde morava, compartilhado com um amigo seu.
Eu, cansado das atividades
do dia, me recolhi para a minha residência, onde fui descansar...
Por volta das 11:30 da
noite, mais ou menos, quando já dormia um sono leve, o telefone chama, meu
filho atende e passa para sua mãe anunciando que uma mulher queria falar com
ela.
Atendido o telefone, levei
um susto quando minha esposa entrou em desespero, dizendo, “não é verdade, não
é verdade”.
De subido, despertei e logo
me veio à cabeça, uma tragédia, pensei nos nossos filhos em Manaus, mas, não
era. Era desgraça sim, mas, com o meu cunhado, Faust, a mulher do outro lado da
linha informava, “a senhora é irmã do Faust?” , sim respondeu minha esposa e a
mulher completou, “mataram seu irmão”.
Desespero total nos dominou
e fui em busca de mais informações, aturdido, rumei para o local da tragédia.
A cena que testemunhei
ficará em minha mente, como tristeza, como revolta, como indignação, sabendo
que a vida humana se tornou banalidade para mentes criminosas, perversas.
O corpo de Faust, já sem
vida, estava ali, em minha frente, ensanguentado...
Como era possível? Se antes,
ainda a noite, início da noite, esse rapaz estava trabalhando?
No caminho, antes de chegar
ao local, minha mente insistia em me dizer que era engano, alguém querendo
passar trote, infelizmente, era verdadeira a notícia.
Um bandido, um crápula
conhecido por Pablinho havia sido o autor de tamanha crueldade, sem dar chance
de defesa, desferiu uma facada certeira, agindo como se fosse um deus e acabou
com a vida de um rapaz que mal completara 25 anos.
O que nos revolta, o que nos
causa indignação, é sabermos que “quase” nada acontecerá a esse marginal, pois
as nossas leis premiam esse tipo de lixo humano. Caso seja “menor”, nada acontecerá,
apenas mais uma morte em seu currículo de bandido, pois dizem que esse é o
segundo assassinato por ele cometido.
As polícias Civil e Militar
estão fazendo a sua parte, mas, sabemos, a justiça do nosso país é frouxa e dá
muitas brechas para que esses bandidos continuem a praticar o mal, acabando com
vidas, exterminando famílias, sonhos...
Sou totalmente contrário a
Pena de Morte, mas, já era tempo do nosso país criar a prisão perpétua para
alguns tipos de crimes violentos e covardes cometidos por bandidos.
O que falta é coragem de
nossos congressistas para aprovarem Leis mais severas e acabar com a impunidade
que a lei prevê aos ditos menores.
Faust perdeu a vida, e com
ele, a vida de sua mãe, de seu pai, de seus irmãos e também, acabaram com um
pedaço da vida de seus amigos.
Fiz o que foi possível e
sempre farei quando se trata de vida humana, mas, infelizmente, somente Deus
sabe de nossos destinos...
Nós, seus familiares,
estamos tristes, meus filhos, seus sobrinhos estão chorando, seu avô, com mais
de 90 anos, está calado, seu pai, reluta em sobreviver, sua mãe está a base de
calmantes...a saudade, a indignação tomou conta de nossa família...
Vai em paz Faust, grande
companheiro, grande amigo, cujo defeito era tomar “umas e outras” de vez em
quando.
Que Deus possa perdoar esse
lixo humano conhecido por Pablinho e ao mesmo tempo, possa nos confortar na sua
ausência.
A violência bateu em minha
porta.
Aldemir Bentes, triste e
indignado.
O corpo de Faust está sendo velado em nossa residência, na Rua dos Cuiabanos, 378, Mário Fonseca e logo mais, estaremos transladando para a Comunidade de Menino Deus, no Rio Curuçá, Município de Boa Vista do Ramos, a pedido de seus pais.
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