Manaus, 7 de julho de 2015.
Indigenista Egydio recebendo o título de cidadão do Amazonas |
No dia em que completa 80 anos de vida, o indigenista,
pesquisador, apicultor e ativista Egydio Schwade recebeu o título de cidadão do
Amazonas, em Sessão Especial realizada nesta terça-feira (7), no plenário da
Assembleia Legislativa do Estado (Aleam). A homenagem é de autoria do deputado
José Ricardo Wendling (PT).
O ativista Egydio Schwade nasceu no Município de Feliz,
no Rio Grande do Sul. Pela educação que recebeu em sua criação familiar,
religiosa e acadêmica, optou por pautar sua vida em defesa dos pequenos, em
especial, dos povos indígenas, desde 1963. São 52 anos dedicados a esses povos,
que ao longo da história sofreram e ainda sofrem violações em seus direitos.
Vale ressaltar que a maior parte de sua luta e dedicação em prol dos povos
indígenas se deu na Amazônia.
Para José Ricardo, é muito bom prestar homenagem a
uma pessoa com importante história de vida, de dedicação, que luta pela vida,
pelos direitos, sempre ao lado dos mais pobres para que tenham melhores
condições de vida. “Ele que nasceu na cidade de Feliz e que até hoje transmite
felicidade a todas as pessoas. E neste dia em que completa 80 anos, só tenho a
desejar saúde e longa vida. Parabéns, Egydio”, declarou o parlamentar.
Com a palavra, o novo cidadão amazonense: “não me
sinto homenageado sozinho, mas junto com um grupo de pessoas que sempre
trabalhou para engrandecer a obra de Deus. Pensamos numa perspectiva diferente,
para mudar a ótica da igreja, da Funai e da sociedade com a causa indígena.
Lutamos para que os indígenas continuassem na sua terra e preservassem a sua
identidade e a sua cultura. Por tudo isso, me sinto feliz em estar aqui hoje,
ao lado de todos o que sempre lutaram comigo. Muito obrigado”. E completou seu
discurso com um trecho da música litúrgica “Põe a semente na terra”: “põe a semente na terra e não será em
vão; não se preocupe a colheita, plantas para o irmão...”
Muitas homenagens
De acordo com o coordenador da Pastoral, Pe. Geraldo
Bendahan, da Arquidiocese de Manaus, Egydio tem três pontos fortes que merecem
ser destacados: resistência, para não desistir diante das dificuldades;
indignação, que impulsiona as pessoas a não aceitarem o que não está bom; e fé,
base fundamental que inspirou todas as suas ações. Nas palavras do arcebispo
Dom Sérgio Castrini, por meio de carta lida pelo Pe. Geraldo, esse título é
mais que merecido. “Homem de fé, da igreja, amante da natureza e de vida
simples. Sofreu na vida pessoal as consequências de sua história de luta. É
figura que nos inspira, cidadão no sentido pleno, coerente até o fim. Agradeço,
Egydio, por tudo o que és. Parabéns”.
“Sempre admirei a família constituída pelo Egydio e
sua esposa, Doroty Schwade. Pessoa indignada com o sofrimento do povo e sempre
pensando acima do seu tempo. Sua prática de produção da floresta, ocupando sem
devastar, é de causar admiração em todos nós. Por isso, é com grande prazer que
compartilho com você, Egydio, esse importante momento. Parabéns”, disse o
vereador Waldemir José.
Professora da Universidade Federal do Amazonas
(Ufam), Rosa Helena Dias, parafraseou o poeta Bertoldo Brecht para homenagear
seu compadre Egydio: “há homens que lutam um dia e são bons; há outros que lutam um
ano e são melhores; há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que
lutam toda a vida, estes são imprescindíveis. E você é imprescidível, Egydio. Amo você e toda
sua família”.
O vereador professor Bibiano Garcia destacou que
nestes 80 anos de vida do Sr Egydio, comemorado nesta Sessão Especial, consegue
dar exemplo a todos os amazonenses e a toda a população brasileira. “Exemplo de
pessoa lutadora e defensora das causas indígenas, permitindo que o meio
ambiente permaneça intocável e que os nossos irmãos não se encontrem na
situação de exclusão, fora das suas terras”, enfatizou.
Sobre o homenageado
Por conviver diretamente com os indígenas e
conhecendo seus costumes, cultura e sofrimento, Egydio fundou a Operação
Amazônia Nativa (Opan), em 1969, com sede em Cuiabá/MT, com o papel de preparar
pessoas com a mesma sensibilidade e sede de justiça para atuar junto a esses
povos do País; ajudou a fundar o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em
1972, que redirecionou a ação da igreja católica junto aos povos indígenas;
também participou da fundação da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Ele também foi coordenador do Comitê Estadual da
Verdade no Amazonas, que apurou crimes praticados pela Ditadura Militar
contra cidadãos amazonenses, bem como contra os índios Waimiri-Atroari, que
foram vítimas de genocídio nesse período, sendo todos encaminhados à Comissão
Nacional da Verdade. Um dos resultados do trabalho desenvolvido nesta
comissão foi o livro “A ditadura militar e o genocídio do povo
Waimiri-Atroari”, baseado em uma vasta e minuciosa pesquisa realizada pelo
indigenista Egydio Schwade e sua esposa Doroty Schwade.
Em 1980, Egydio e sua família vieram morar no
Amazonas, com o objetivo de desenvolver um trabalho com o povo Waimiri-Atroari.
Começaram suas atividades no Município de Itacoatiara, de 1980 a 1983, atuando
no fortalecimento de movimentos sociais. Já no Município de Presidente
Figueiredo, desde 1992 até hoje, Egydio e sua família criaram a Casa da Cultura
do Urubuí, com a finalidade de guardar a memória do povo Waimiri-Atroari.
Passou também a dedicar-se de modo especial a agricultura familiar e ainda hoje
continua atuante em defesa dos povos indígenas.
Assessoria de Comunicação
Cristiane Silveira
(92) 8816-1862/ (92) 8209-7306
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