Matéria do Jornal A Crítica
O guaraná em pó produzido pelos “Filhos do Guaraná” nas micro indústrias indígenas de Maués está sendo comercializado em lojas especializadas da Itália e França por 50 euros, o quilo
20 de Abril de 2014
O guaraná
em pó – produto extraído a partir do beneficiamento das sementes da planta do
guaraná (espécie símbolo do município de Maués) está chegando a países europeus
a preço de ouro
O guaraná em pó – produto extraído a
partir do beneficiamento das sementes da planta do guaraná (espécie símbolo do
município de Maués) está chegando a países europeus a preço de ouro, ou melhor,
de euro. O produto foi comercializado ao longo de 2013 em lojas especializadas
da Itália e da França por 50 euros, o quilo (equivalente a R$ 150).
A rota para a valorização do produto
amazônico nas prateleiras europeias começa bem longe, em comunidades da etnia
Sateré-Mawe, como as 300 famílias produtoras da região do Marau, no município
de Maués (a 268 quilômetros de Manaus).
Os produtores, conhecidos como
“filhos do guaraná”, colheram no ano passado, aproximadamente oito toneladas de
sementes de suas propriedades, que foram vendidas para unidades de
beneficiamento localizadas no próprio município de Maués e em Parintins.
As micro indústrias fazem parte do
consórcio dos produtores Sateré-Mawe, que adquire a safra comunitária. Em 2013,
ela rendeu às famílias da região, um lucro de R$ 240 mil, uma vez que o
consórcio paga aos produtores, R$ 30 por quilo do guaraná em caroço. É esse
dinheiro que movimenta parte da economia nas 47 comunidades da região. “Quando
a safra é boa, o dinheiro ajuda a manter a família por um bom tempo”, garante o
cacique João Souza de Oliveira (foto abaixo a esquerda), da comunidade Vila
Nova II.
Processo
A partir da aquisição, o consórcio
encaminha a matéria-prima paras as unidades de beneficiamento, onde são
transformadas em pó e bastão. “Lá, um grupo de 12 pessoas, em média, descasca
as sementes, trituram, empacotam a vácuo e encaixotam o produto final em
embalagens de 20 quilos”, detalhou o representante do consórcio, Sidnei
Miquiles (foto abaixo a direita).
Após o processo, conforme explica
Miquiles, as oito toneladas iniciais viram seis toneladas do produto em pó. As
remessas são enviadas por avião ou navio para os países europeus até três vezes
por ano, conforme a demanda. Na chegada ao continente europeu, o produto está
400% mais caro em relação ao preço pago aos produtores e o processo de
exportação rende R$ 900 mil em média por safra anual.
De acordo com ele, apesar da
diferença entre as pontas, o preço praticado hoje, ao longo a cadeia foi o mais
justo já conseguido para os agricultores da região. “Trabalhamos apenas com
empresas que participam do comércio justo – modalidade que visa garantir um
pagamento justo a pequenos produtores - e também repassamos parte dos valores
obtidos aos trabalhadores”, defendeu Miquiles
A expectativa do consórcio produtor
é que a safra deste ano, que será comercializada em 2015 supere a colheita de
oito toneladas anuais.
Destaque
O guaraná produzido em Maués é
retirado de plantas que não contêm adubos ou aditivos químicos em seu processo
de maturação. É o chamado guaraná nativo. As plantas demoram entre sete a dez
anos para começar a produzir frutos e sementes.
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