Professor Luizinho Aguiar
Maués, 28 de agosto
de 20015
Artigo
Preciso
esclarecer que neste trabalho me aterei a explicar a crise global, na próxima
semana falarei a respeito da crise brasileira.
Crise,
não é privilégio dos tempos atuais, só no século XX tivemos quatro grandes
crises: a primeira Guerra Mundial 1914-1918, a grande depressão de 29, a
segunda guerra mundial 1939-1945, a crise dos 70, a chamada crise do petróleo,
e a atual crise que foi gestada no final do século, que teve ponto culminante
em 2008.
Não
podemos falar de crise, sem evidentemente tecer algumas considerações a
respeito do sistema socioeconômico vigente, o capitalismo. O que caracteriza
este sistema são as relações assalariadas de produção e propriedade privada dos
meios de produção pelas classes dominantes. A burguesia possui as fábricas, os
centros comerciais, as grandes lojas, os supermercados, os meios de transporte,
as terras, os bancos etc. Na sociedade capitalista o desenvolvimento da
produção é movido pelo desejo do lucro máximo. E para aumentar seus
rendimentos, os capitalistas procuram expandir a produção e baixar seus custos.
Para isso recorrem à busca de meios técnicos para aumentar sua produtividade. Foi
com esse intuito, que os capitalistas investiram grandes somas de dinheiro que
culminou com a revolução industrial.
Em
seu livro o capital, Marx realizou a mais completa radiografia do capitalismo,
apontando suas principais contradições. Segundo ele, o valor de um bem é
determinado pela quantidade de trabalho socialmente necessário para a sua
produção. Assim, o lucro não se realiza no momento da troca de mercadorias, mas
sim na produção dessas mercadorias. Isso ocorre porque os trabalhadores não recebem
o valor correspondente ao seu trabalho, mas só o necessário para sua
sobrevivência, esse processo é denominado de mais-valia. Ou seja, o trabalhador
trabalha muitas horas a mais do que é necessário e essas horas excedente são
apropriadas pelo capitalista em detrimento do trabalhador. Por sua própria
natureza, o capitalismo precisa crescer acumular e reinvestir parte da
mais-valia na produção, aumentando sempre a produtividade e o lucro. Ou seja,
as forças produtivas devem estar em permanente desenvolvimento. Nesse sentido,
a burguesia dona dos meios de produção, vive buscando novas formas de
aperfeiçoar os instrumentos de produção criando tecnologias que levam ao
aumento em grande escala do volume de mercadorias, formando uma situação de
superprodução e os trabalhadores com seus míseros salários não são capazes de
absorver, levando a crise de superprodução crônica com a queda da taxa média de
lucros dos empresários. A crise do capitalismo decorre de seu próprio sucesso
como modo de extração da mais-valia. Como salienta Manuel Castells.
“O descenso das taxas de lucros origina um
excedente de capital, porque o crescimento do capital acumulado, graças à
crescente extração da mais-valia, encontra cada vez menos possibilidades de
investimentos que conduzam a uma rentabilidade adequada. Disto reviva um
descenso do investimento produtivo que provoca uma diminuição de emprego e a consequente redução de salários pagados pelo capital. Ao diminuir os salários,
cai, paralelamente, a procura, provocando uma crise na venda das mercadorias
previamente armazenadas. Produz-se assim, uma crise de superprodução e com isso
suas consequências.”
Outra
vertente importante para justificar a crise é o advento da terceira etapa da
revolução industrial consubstanciada na adoção da micro-eletrônica associada à
informatização, à engenharia e a outros campos da ciência que permitiram a
criação de novos materiais e novas fontes de energia. Essa mudança qualitativa
na base técnica acelerou o aumento da incorporação de capital morto (máquinas)
e a diminuição de capital vivo (trabalho humano) no processo produtivo,
aumentando o número de desempregados. Além do mais o aumento do capital morto
exigiu um novo tipo de trabalhador: com maior capacidade de abstração,
iniciativa para gerenciar máquinas informatizadas e inteligentes, com
capacidade para resolver rapidamente, de forma autônoma, problemas ligados a
seu processo de trabalho. No âmbito da produção a classe trabalhadora se cindia
entre trabalhadores qualificados, e não qualificados. Para os primeiros bons
salários, estabilidade e capacitação contínua. Para os demais trabalhadores,
definidos pelo próprio sistema como temporários, caracterizados como excedentes
de mão-de-obra, sequer foram pensados programas de requalificação, que
garantisse sua recolocação no mercado, mesmo que em outro ramo produtivo,
consequência mais desemprego e crise.
Nos
tempos de crise um setor simplesmente irradia, é o setor financeiro capitaneados
pelos bancos que diante da incapacidade das pessoas honrarem suas dívidas
devido suas parcas rendas não têm outra escolha a não ser recorrem aos agiotas
legais pagando juros altíssimos aumentando o volume de suas dívidas, consequência mais crise.
Portanto,
caro leitores a crise tem o seu cerne e esta está na lógica e nas contradições
do sistema vigente, o capitalismo. E é preciso ressaltar que a crise tem outros
fatores importantes como: acidentes causados pela natureza: furações, vulcões,
terremotos, enchentes, grandes estiagens, corrupção e outros. Porém, não atinge
os poderosos os donos dos meios de produção, estes apenas aborrecidos pela
diminuição da taxa de lucro, recorrem ao velho e doloroso meio de diminuição de
custos, ou seja, demissão dos trabalhadores. Mas a parte maior da população
desprovida da capacidade de compreensão das relações sociais na égide do
sistema fica sem saber o que dizer e fazer, e o pior que nem um comentarista
dos grandes meios de comunicação é capaz de explicar a luz da verdade, as
verdadeiras causas das crises, até porque não podem, senão, serão demitidos por
seus patrões capitalistas e a crise não é deles é dos trabalhadores pobres
desempregados que infelizmente já se acostumaram a viverem em crise.
REFERÊNCIA
MEZÁROS, I Para além do Capital, São Paulo: Ed.
Unicamp. Boitempo, 2002.
Professor Luizinho Aguiar
Maués, 28 de agosto
de 20015
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