O Brasil é um país
que possui uma história complexa, singular em analogia com muitos outros países
do chamado novo mundo. Para facilitar a compreensão muitos historiadores, via
de regra, costumam dividir em períodos históricos, sendo: de 1500-1808 período
colonial 1808-1889 Brasil Império, 1889-1930 velha República de 1930 até nossos
dias Nova República, neste trabalho vamos nos ater a partir da redemocratização
do país, com o fim da ditadura em 1985.
É oportuno
esclarecer que nosso país infelizmente vive alternando períodos de Democracia e
ditaduras, seja civil ou militar, para ilustrar bem isso já estamos vivendo sob
a égide da oitava constituição, em menos de dois séculos de História, ou seja,
em média um pouco mais de duas décadas surge uma nova Constituição. As
outorgadas são impostas a nação, o que caracteriza os períodos autoritários,
por outro lado, as promulgadas são resultado de assembleias constituintes de
representantes escolhido pela população. Assim tivemos no período imperial a
Constituição de 1824 e outras todas a partir da proclamação da República: 1891
promulgada, 1834 promulgada, 1837 outorgada por Getúlio Vargas, 1946 já na
redemocratização. No período ditatorial as constituições de 1967 e 1969, e
novamente na nova redemocratização a atual Constituição de 1888, a do império
também foi outorgada à nação.
A nova
redemocratização brasileira trouxe um conjunto de novidades para o sistema
político do país, foram ampliados os direitos, sobretudo aqueles relacionados à
participação política, como por exemplo, a participação dos analfabetos. Também
foram recuperadas as prerrogativas do judiciário e criadas condições para a
participação efetiva da sociedade civil com relação à coisa pública. Muitas
coisas foram conquistadas, como é de se esperar de um regime democrático que
tem o cerne à participação da sociedade no destino de seu país. No entanto, ao
mesmo tempo em que é possível perceber uma melhoria significativa no
funcionamento da democracia brasileira, a partir da promulgação da Constituição
de1988 um fenômeno de magnitude gravíssima se coloca como desafio: A Corrupção.
Nessas três décadas já vivenciamos um conjunto de escândalos políticos que de
certa forma nodoa a nova e incipiente democracia brasileira. Se nos atermos às
tentativas de explicação para o fenômeno diria, que a forma de organização do
sistema político e os arranjos para viabilizar a governabilidade, têm como
cerne essencial proporcionador do surgimento em grande proporção da corrupção
no país. O sistema proporcional implantado no Brasil criou o chamado
“presidencialismo de coalizão”, isto é, o presidente se elege com uma
quantidade muito maior de votos que seu partido recebe nas eleições para o
congresso, criando assim a necessidade de alianças políticas, por sua vez, às
negociações para fazer a maioria no congresso têm como moeda de troca os
recursos alocados no orçamento e distribuição de cargos entre os ministérios. Atualmente
são trinta e nove, um absurdo, geralmente ocupados por políticos indicados por
partidos da base aliada. As alianças
garantem a governabilidade, porém, afetam o desempenho e a legitimidade do
Legislativo.
Outro ponto
importante é a maneira como são financiadas as campanhas, não obstante o fundo
partidário que garante algum recurso aos partidos, mas pelo fato de campanhas
eleitorais serem muito caras, tendo em vista que os candidatos buscam a todo
custo se eleger e para isso utilizam qualquer meio, desde que isso possa
levá-los a vitória. Uma das formas mais fáceis é recorrer aos empresários,
lógico que com a promessa de viabilizar o retorno, por ocasião do mandato, e a
forma do retorno se dá com mais frequência no processo licitatório, o governo
através de seus funcionários de “confiança” buscam através de arranjos ilícitos
beneficiarem seus financiadores, campo fértil para o pagamento de propinas. Mas
porque as campanhas são tão caras? Existem muitos argumentos para isso, tem a
questão da logística, principalmente no Estado do Amazonas, o maior do Brasil,
gastos com as viagens, passagens, gasolina, carreatas, bandeiras, foguetes e
muitas outras despesas. Mas os maiores volumes de recursos são gasto na véspera
e no dia da eleição. É o momento que o eleitor achando que pode tirar proveito
da situação achaca os candidatos, um voto em Maués para vereador, chega a
custar cem reais, imagina para outros cargos em todo o país. Essa relação
promíscua entre o eleitor e o candidato custa muito caro, e além é claro que
constitui grande obstáculo para que pessoas oriundas das classes populares,
cidadãos comprometidos com as causas dos menos favorecidos, tenham
possibilidades de representá-los, o que resulta no favorecimento dos mais
abastados da sociedade, pois candidatos de índole duvidosa, na grande maioria
não estão preocupados com os destinos das cidades, do país. Sabem que pela
maneira como funciona o sistema, no futuro próximo vai recuperar o que gastaram
na campanha e muito mais. Um exemplo. Um prefeito corrupto apresenta as contas
de sua administração para serem aprovadas pela Câmara, os números apresentados
são incompatíveis com a realidade dos preços de mercado, os vereadores como
urubu na carniça saboreiam a oportunidade, essa é a hora, e o prefeito encurralado
não querendo ficar inelegível, pois sua profissão é político de carreira. Não
tendo outra saída só resta pagar a chantagem dos edis. É aí que precisa de
recursos de empresários, agiotas e outros lacaios, e assim as coisas vão
acontecendo, resultado má qualidade dos serviços públicos em quase todo país. E
aquele cidadão, que achava que estava ganhando alguma coisa ao vender seu voto,
cai na real quando seu filho necessita de assistência médica, educacional,
social etc.
Portanto, o sistema
político no Brasil contribui muito para a proliferação da corrupção, mas não é
ele somente o responsável por essa mazela, a coisa é mais complexa do que se
imagina, tem a ver com nossa história, com nossa cultura, com o famigerado
“jeitinho brasileiro”. E tem saída? Claro que tem, mas não é simples, o remédio
já e conhecido há muitos séculos, chama-se educação que aqui eu defino como o
processo de desenvolvimento integral do ser humano, isto quer dizer no aspecto
físico, intelectual, moral, social e espiritual. O indivíduo bem educado nos valores
morais, na solidariedade, com sentimento de gratidão, que tem amor pelo próximo
que é capaz de ver no outro as necessidades que ele próprio sente. Contribui
para melhorar sua comunidade através da participação social, o que chamamos de
o exercício da cidadania, essa pessoa tem mais dificuldade de se tornar um corrupto,
porque os valores éticos internalizados em sua consciência, resultado de uma
educação sólida baseada em princípios que tem como meta fundamental a promoção
humana. Nesse sentido, a pessoa diante de situações que podem levar a tirar
proveito como é caso da corrupção, não sede a tentação, está preparada para
viver dignamente na sociedade. A educação começa no lar quando os pais têm a
preocupação de encaminhar vossos filhos para se tornarem cidadãos de bem, desde
a infância procuram mostrar o caminho correto a ser seguido. Infelizmente hoje,
com desestruturação de boa parte das famílias as coisas tendem a piorar. O que
me alenta, é que já vivemos dias muito piores na História do país, como disse
Cristovão Buarque “o Brasil já teve boas escolas e bons professores, mas poucas
boas escolas e poucos bons professores, para poucas pessoas, geralmente
pertencente à elite da sociedade”. Felizmente no quesito de oferta de vagas
melhoramos muito. Brasileiros, não tenhamos vergonha de ser honestos, vamos
educar bem nossas crianças à luz da justiça e do temor a Deus, assim
construiremos uma sociedade mais solidária que não pensa só em si, mas no
próximo também. Desse modo estaremos preparando o nosso país para um futuro bem
melhor.
Referências
AVRITZER, Leonardo.
Corrupção e Sistema Político no Brasil - Civilização Brasileira. Rio de
Janeiro, 2011.
Maués, 24 de
setembro de 2015.
Professor Luizinho Aguiar.
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