quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

CRÔNICA DO PASTOR FRANCISCO PEREIRA - Crescimento ou inchaço, o que está acontecendo com a Igreja Evangélica Brasileira?


Crônica
Pastor Francisco


Para falar de crescimento e Inchaço, faço a introdução convidando-lhe para imaginar duas situações Hipérbole e Hipotética: Na primeira, digamos que saísse uma espinha em seu rosto e no outro dia esta espinha estivesse do tamanho de uma acerola e dois dias depois,T esta mesma espinha já fosse do tamanho de um limão. Que pânico hein?
Você não diria tranquilamente, esta espinha esta crescendo, claro que não, você preocuparia e diria: isto não é crescimento, inchaço! Não é mesmo?
Outra situação excepcional seria, se um a mulher tivesse um filho e aos três anos de idade esta criança estivesse com 1,50 de altura e pesando 80 quilos. Alguém diria: nossa que absurdo!
Por estas situações (mesmo hipotéticas) você percebe que um crescimento espantoso e muito acelerado pode ser inchaço. Mas o que realmente está acontecendo com a Igreja Evangélica Brasileira, crescimento ou inchaço?
Não podemos esquecer que entre 1.555 e 1.590 aconteceu o que podemos considerar a primeira experiência Protestante, com a invasão Francesa; logo após a segunda (1630 a 1654) com os Holandeses, também protestante tentando se instalarem definitivamente aqui (na terra prometida) e semear a sua religião, claro.
Somente em 1808, com a chegada da Família Real portuguesa, aconteceu um marco para entrada de estrangeiros e suas crenças, na Sede do Governo Português.
O tratado de comercio e navegação, assinado em 1810, garantiu a abertura dos portos brasileiros para produtos ingleses, asseguravam também em seus artigos, liberdade de consciência e culto, permitindo Igrejas protestantes (evangélicas) se instalarem no Brasil. Em 1824, a nova constituição reafirmou o catolicismo como religião do império, mais reconhecia outras crenças desde que não houvesse proselitismo (catequese) nem ataques à religião oficial. Na mesma época, formaram-se também colônias Suecas, Suíças, Holandesas, Escocesas, Inglesas e Norte-americanas, espalhando diversas denominações evangélicas Brasil afora, propagando o nome de Jesus.
Ao longo da historia do Brasil, até nossos dias os Evangélicos divulgaram sua doutrina/mensagem nas cidades e nos campos alcançando os pontos mais distantes dos recantos Brasileiros, no cumprimento do IDE.
Atualmente o gigantesco crescimento ou inchaço, da igreja evangélica brasileira, chega a transformar o Brasil em exportador de Missionários. Segundo o IBGE, 22,2% da população brasileira são evangélicos, ou seja, 45,3% milhões de pessoas; ainda segundo o IBGE a cada década os evangélicos aumentam o numero de adeptos entre 5,5 a 6,5 %.
A Igreja Evangélica Brasileira, com seu crescimento vem comprando Editoras Emissoras de radio e TV, construindo hospitais, creches, orfanatos, asilos e Igrejas, muitas Igrejas; mas isso realmente tem sido crescimento ou inchaço? Continue lendo esta crônica e responda você mesmo, no final.
Percebe-se claramente que no Brasil, a maioria das Igrejas Evangélicas concentra-se nas áreas periféricas dos centros urbanos, onde ainda se encontra altos índices de semi-analfabetismo (cerca de 8,6% embora esteja decrescendo este percentual) onde a renda percapta em media é um salario mínimo. Quase um terço dos pentecostais vive em situação de desemprego, com renda percapta igual ou inferior a meio salario.
Se a Igreja Evangélica atuando em dado contexto Social (seja uma invasão/favela ou uma pequena cidade) ela não atua como rede de proteção e apoio psicossocial, fornecendo aos seus fieis “ferramentas de empreendedorismo”, para que saiam da situação de vulnerabilidade social, se ela (a Igreja Evangélica) não transmite em seu contexto de ensinamentos e código de ética, uma noção de sustentabilidade e solidariedade entre os membros, para que se tornem “irmãos”, conseguindo emprego/trabalho uns para os outros; se a Igreja Evangélica Brasileira, não está agindo assim, é inchaço não é crescimento.
Alguém pode falar sobre o crescimento da Igreja Evangélica em uma cidade como Manaus, por exemplo; sabe-se que na capital do amazonas existem mais de 2.500 Igrejas Evangélicas na sua zona urbana (sem incluir a zona metropolitana). Todavia se estas Igrejas Evangélicas não tem Servido para “salvar” seus membros do Sistema Social Plutocrático estabelecido pelo modelo Zona Franca, se os seus propósitos Sociais não proporcionam na pratica a melhoria da qualidade de vida de seus seguidores incentivando-os e “qualificando-os” para “se libertarem” dos Programas Assistencialistas do governo federal, isto não é crescimento é inchaço.
Se estas Igrejas (do antigo porto de lenha) não têm contribuído “com a sua sociologia da religião”, para a redução da criminalidade, da prostituição, do consumo e tráfico de drogas e da violência em Manaus, isto não é crescimento, é inchaço. Na minha desnecessária, humilde e sincera opinião, se a Igreja Evangélica Brasileira não aproveita as beatíficas doutrinas e convênios cristão para desenvolver no seu rebanho, qualidades que promovam sublimes valores a ponto de impactar uma cidade como Manaus; esta Igreja lamentavelmente, não esta crescendo está inchando.
Comprova-se não somente em Manaus, mas em todo Brasil, a expansão da Igreja Evangélica é de assombrar, chegando ate aos confins desta terra. Segundo o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, nos últimos 50 anos a população brasileira cresceu 63,2%, o numero de Evangélicos quase dobrou, 93,3 %. Portanto se este grande crescimento for com finalidade das Igrejas Evangélicas transformarem suas ovelhas em eleitores (bodes expiatórios) e suas convenções em currais eleitorais; como os fins não podem justificar os meios, isto não é crescimento, é inchaço.
 Todos sabemos que entre 1986 e 2014 o numero de Evangélicos dobrou no Congresso Nacional. Porém se os “nobres” Deputados e Senadores Evangélicos (filhos da pátria) que formam a FPE –Frente Parlamentar Evangélica, não atuarem como “lobista” da Igreja, no cumprimento de “seus mandatos” e permitirem passar (e até votarem em) Leis esdruxulas e excomungáveis, paradoxais a ortodoxia, a moral e a Ética Cristã, isto não é crescimento (representantes, que não representam) é inchaço.
Inegavelmente mesmo tendo uma presença demo-geográfica expressiva, a Igreja Evangélica Brasileira “PECA”, se não respeitar os demais Credos e Religiões do País; bem como as expressões culturais, filosóficas e ideológicas de outros grupos ou/e minorias. Uma Igreja ‘genuinamente’ Evangélica não pode repudiar adeptos de outras seitas, doutrinas, religiões ou estabelecer relações sociais discriminatórias; se não houver respeito e tolerância para com a diversidade, incluindo afros e orientais, não podemos (infelizmente) atribui-la um crescimento e sim caracteriza-la como um segmento inchado.
Neste ponto da argumentação esta crônica ficou cansativa para alguns, mas não é sendo prolixo demais, nem muito simplório que se transmite uma inquirição, afinal a Igreja Evangélica está crescendo ou inchando? O que você tem visto?
Nesta onda de crescimento ou inchaço das Igrejas Evangélicas Brasileiras em nosso país, tenho visto o surgimento de Igrejas, que começam suas atividades e “poucos dias” depois tem milhares de seguidores; estas Igrejas surgem (da verdadeira procriação de outras maiores) e começam a inchar e/ou crescer repentinamente, estão sempre cheias, cheias de luxuria, modismos mundanos, adotam estratégias (eventos) circense com coreografias alegres e bem sincronizadas ao som de muito rock “hinos” ao vivo, sob muitos flash e potentes canhões de jogos de luzes; neste contexto o altar é transformado em palco e o pastor em animador de platéia.
As danceterias gospel com nomenclatura de Igreja, sem censura nos deixam a dúvida: o que está acontecendo com a Igreja Evangélica Brasileira, crescendo ou inchando?
Concluindo: Sabemos que não são iguais todas as Igrejas, existem Igrejas Evangélicas e Igrejas Evangélicas; no Brasil existem muitos Pastores honrados que são homens de Deus, sacerdotes dignos e confiáveis propugnadores do verdadeiro crescimento do rebanho, ensinado que devemos fazer do Brasil a nossa “CASA COMUM”, talvez estes Pastores possam responder a minha indagação: O que está acontecendo com a Igreja Evangélica Brasileira, crescimento ou inchaço?

Professor/Pastor: Francisco Pereira

Um comentário:

  1. Muito boa colocação professor/pastor Francisco. Não costumo fazer comentários sobre RELIGIÃO, mas o que tenho visto e acompanhado nos últimos tempos é um crescimento desordenado (inchaço) de igrejas no no município. No entanto, esse crescimento não tem refletido em melhora ou mudança de postura da população que frequenta essas igrejas...

    Concordo com sua colocação e entendo que as igrejas estão inchando ao invés de crescerem (desenvolverem)...!

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