Canto da Poesia - Fragmentos do Livro - POEMAS CABOCLOS de Aldemir Bentes

Aniversário de Maués
Maués – 176 Anos – Salvem-me meus Filhos!



Nos meus 176 Anos, pouco tenho a festejar!

Apesar de meu seio, ter brotado o Guaraná.

Já nasceram (e continuam a nascer) de meu ventre:

Deputados, senador, prefeitos, Advogados, encanador.

Poetas, escritores, médicos, delegados, doutores, Pescador

Mas hoje pouco tenho a festejar.



Filhos ingratos, inescrupulosos,

Dominados por uma demoníaca força de destruição,

Esqueceram suas origens, fecharam seus corações.

Só pensam em dinheiro, me deixaram na mão,

Estancaram meu desenvolvimento, pararam as construções,

Assim ficaram, centenas de outros filhos, sem emprego, sem opções.



Uns foram embora, outros resistem, denunciando a verdade,

Mas são ignorados, perseguidos e ameaçados.

Mesmo assim, lutam como bravos, resistindo à opressão.

Nos meus 176 anos, pouco tenho a festejar!



Aos meus filhos sinceros, peço a proteção,

Combatam o mal que em meu corpo se enraizou...

Resistam, tenham por mim compaixão,

Lutem, denunciem, não deixem voltar a escravidão.

Salvem-me meus filhos! Dessa má CONDUÇÃO.

Quem te implora é tua mãe: a cidade de Maués.



Aldemir Bentes de Maués – Maués, 21 de junho de 2009 – 22:42



O CHEIRO DA MINHA TERRA

Quero sentir teus cheiros, minha Terra.
O cheiro do suor de teu povo, da fruta, da flor,
Do guaraná puro, colhido de tua floresta.
Sentir o cheiro de tua brisa que passeia nas manhãs.
Quero sentir os cheiros, de tuas esperanças, esperanças
De um povo sonhador, lutador, alegre.
Que como a rosa, desabrocha sorrisos, sorriso em forma de prosa, de versos, de poesias.
Poesias nascidas na Ponta da Maresia, nas águas claras do Rio Maués Açu,
Nas águas frias das cachoeiras do Amãna.
Quero sentir o cheiro oculto no caminhar de tuas belas morenas,
Quero sentir o cheiro de tuas praias, finas, brancas, macias.
Quero sempre sentir os teus cheiros, minha terra,
Onde quer que eu esteja, quero sentir em meu corpo, um pouquinho de ti,
E como um pássaro, viajar, por sobre todas as tuas belezas, que os inescrupulosos,
Teimam em apagar.

Aldemir Bentes de Maués – Maués-AM; 16/01/2010 – 16:01
Ao som da música “image” de John Lennon


O Tempo

O ontem só é ontem hoje,
Amanhã, o hoje, será ontem,
O amanhã só é amanhã hoje.
É o tempo,
O tempo que não para, passa,
Sem pedir passagem, passa.
Passa levando a vida,
A vida preciosa, Passageira,
Vivamos o Hoje,
O Ontem Passou e o amanhã,
Não sei como será.
Talvez eu possa vivê-lo,
Será?

Aldemir Bentes de Maués – Maués, 24/12/2009 – 14:30



A vida depois...

Onde estarão todos aqueles que aqui passaram?
O que estarão fazendo?
Estarão eles lembrando de nós?
Como será outra vida? Se ela de fato existir.
Será como aqui?
Ou será como lá, misteriosa!
Minha mãe, meu pai,
Meus irmãos, como estarão?
E meus amigos, todos aqueles que de fato amei e ainda os amo.
Não sei como é a vida depois, depois dessa vida.
Só sei da imortalidade de todos os meus queridos,
Dentro do meu coração.
Aqui eu sei,
Eles permanecem,
Aqui, eles vivem, respiram e
Provocam saudades,
Saudades de não podê-los abraçá-los, mas
O amor que sinto por eles supera, e assim,
Consigo viver essa vida,
A espera de outra vida,
Que não sei se possa existir.

Aldemir Bentes de Maués – Maués, 24/12/2009 – 14:51


ETERNO AMOR


Olhar profundo, a erradiar luz;
Luz de ternura, de paixões.
Sorriso.
Sorriso aberto, espontâneo...
Cabelos brancos, extensos,
Tingidos de verde, a floresta.
Exalas o perfume das manhãs.
Os pássaros e o vento cantam seus hinos sagrados,
A te saudar.
O sol é mais brilhante em teu horizonte,
Espelhando seus raios, em teus infinitos rios...
Que extraordinária beleza!
Nas madrugadas, o orvalho perfuma teu solo.
És morena, loira, negra, mulata, índia...
Chão de paz, abençoado.
Virgem dos lábios verdes,
Mulher, criança, jovem, adulta.
Permaneces em minha alma.
Meu eterno amor, minha paixão,
MAUÉS.

Manaus-Am., fev. 95 sábado


SONHO

Sonhei que estava ao teu lado, e que me mostravas os mais lindos lugares.
Seguro em tua mão, contemplava tua beleza...
Vestida estavas, de vestes brancas, transparente
Seu largo sorriso, seus longos cabelos,
Sua pele macia podia sentir, ao toar teus lábios.
Levava-me aos cantos mais lindos, passeamos de mãos dadas à luz do luar.
Nas branquinhas areias da Ponta da Maresia, andávamos descalços.
Ríamos do nada, tamanha era nossa felicidade.
A brisa acariciava nossos corpos.
O vento balançava os galhos das árvores, ao longo do caminho.
Depois, levaste-me a conhecer a praia de Vera Cruz.
Singela beleza, colírio de meus olhos.
O silêncio do silêncio era quebrado por tranqüilas ondas...
O verde dominava o ambiente.
No céu, as estrelas brilhavam, quem sabe, a admirar nossa alegria.
Fomos até a praia da Antarctica.
A saudade de minha infância surgiu em minha mente,
E relembrei contigo, meus dias de criança.
Mas a felicidade maior, era estar ao teu lado.
Naquele instante, naquele lugar. Contemplamos o rio Maués, forte, majestoso a perder de vista.
Olhamos para o horizonte e o sol já anunciava novo dia.
Abraçamo-nos e trocamos um longo e ardente beijo.
Acordei! Era sonho de minhas infinitas esperanças.

Maués-Am., terça-feira - 22 set. 98


SAUDADES

A solidão toma conta de mim.
A saudade invade minha alma,
E como um câncer, me corrói lentamente.
Meu coração está vazio,
E pergunta: Por que tanta dor?
Não encontro resposta,
Pois uma gota de lágrima molha meu rosto.
Talvez seja esta a resposta.
Logo, mais e mais lágrimas...
E em prantos, sinto todo meu corpo.
É a saudade, inimiga dos amantes.
Que longe da pessoa amada,
Castiga os corações apaixonados.
Quero viver, grita meu coração.
Quero amar, sussurra ainda mais alto.
Quero paz, amor.
Quero você,
Só você.

Maués-Am, 20 set. 96


EMOÇÃO E FE

Desperta emoção de fé, desperta.
E leva-me ao íntimo de meus pensamentos.
Traz de volta todas as coisas lindas que passei na vida.
A melodia do amor e da paz,
Canta em meus ouvidos.
Deixa-me viajar em lugares alegres,
Onde se fala e se vive em liberdade.
Onde os pássaros gorjeiam seus cantos sagrados,
Onde o vento sopra mansinho,
Onde se crê no amor,
Onde a paz domina o homem.
Desperta e me protege com teu manto de alegria.
Enche meu coração com o precioso dom de amar.
Desperta a minha fé.
Desperta a minha caridade,
E deixa-me compartilhar com todos os homens e a natureza,
Essa imensa alegria que toma conta de mim.

Manaus-Am., 30.05.94


PONTA DA MARESIA
(A praia que fica no porto da cidade de Maués)


Avanças sobre o rio, como um manto de neve,
Areias branquinhas e, sobre elas,
Araçás, tucuribás, piriquiteiras que outrora eram densas florestas flutuantes.
Símbolo de beleza e paz.
Mergulhas no rio, e surges majestosa a anunciar o verão.
Tua beleza enche meus olhos de alegria e me encanta.
A tua paisagem me apaixona.
Nas manhãs, o orvalho vem banhar-te com o perfume das eternas madrugadas.
Maçaricos, canários, morenas desfilam em tuas areias, contemplando tua beleza.
És cenário de grandes eventos, festa do Guaraná e Festival de Verão.
Quem te conhece, jamais esquecerá tua beleza.
Reina soberana e suprema.
Bela e elegante és,
Ponta da Maresia

Manaus-Am., 11.02.93


VOCÊ ME FASCINA
Para o meu filho Vinícius

ANTES,
muito antes de te conhecer, você já me fascinava.... a cada momento que eu sonhava com você, mais te amava... foram anos... anos... espera, ansiedade, decepções...

MAS,

Jamais desisti de ter você comigo, pois ao meu lado, eu sabia que seríamos dois em um.
A minha busca jamais foi interrompida, apesar das inúmeras falhas.....
Os anos passaram, a ansiedade aumentava e eu me perguntava.... “que será meu DEUS?”.
Por que não mandas para mim o meu anjo?
Será por que não mereço?
A idade chegando, o tempo passando... e eu desesperado!

ATÉ QUE....


Você veio através da minha paixão chamada Josiely.....
Foi dia 25 de novembro de 2003, às 6:30 h
Desde então, a cada dia, mais te amo.
Esse amor é perene, definitivo e sem restrições.
Você é o meu tesouro mais precioso.
Você, Vida, Verdade, Vinícius!


Escreveu Aldemir Bentes de Maués em 08/12/2007 – 11:49 h.



Cheiro de Igapó

Sinto o aroma das águas, das flores.
O cheiro inconfundível das águas dos igapós,
O cheiro das sombras, dos raios de sol
Penetrando nas águas claras dos igapós.

Sinto o cheiro do canto dos pássaros,
Das folhas, dos galhos, do vento
Dos igapós.
O fundo do rio, os peixes, nadando. Liberdade!

A arara cantando, os macacos pulando,
Liberdade! Saudade, águas.
A cigarra cantando hino de amor.

Eu a sonhar, sonhando, com a paisagem,
Com o cheiro dos Igapós,
Igapós de minha Maués.

Aldemir Bentes – 02/01/08 – 15:49


O Boto

Vi um homem de branco,
Caminhando na Praia da Antarctica,
Era noite, penumbra da noite,
Andava de um lado para outro, agitado.

Nós, moleques, na beira da Rua,
A apedrejar o homem de branco.
Pedras, mais agitação, mais caminhar.
De um lado para outro.

Assobios e pedras no homem de branco.
Ludovico que também se banhava no rio e subiu.
Não rio, ralhou, mandou todos para casa.

Pedras, no homem de branco e ele,
Encurralado, agitado, irritado, cai no rio.
Bate numa vara e bóia. Não era homem, era boto.

Aldemir Bentes de Maués – Maués, 04/01/2009 – às 18:42 h



PRESSA

Ando apressado, sem nada olhar,
Sem nada sentir, sem nada cheirar.
Não vejo o começo, não vejo o fim.
A pressa é tanta, esqueci até de mim.

Não vejo o sol, não vejo a lua,
Não sinto a brisa, nem a gota de orvalho.
Não piso na areia e nem mergulho no rio,
A pressa é tanta, esqueci até de mim.

Não durmo direito, não posso sonhar,
Não sei e nem vejo, o tempo passar.
A vida vai passando, nem posso vivê-la,
Preciso estancar, a pressa que tenho.

Preciso viver, preciso sonhar,
Tenho pressa em fazer, essa pressa parar.

Aldemir Bentes – Maués, 17/08/2006 – 19:45


Maresia

Maresia! Maresia!
Guardas contigo os meus segredos de criança.
Os meus locais secretos, os banhos de rio,
As minhas aventuras na selva do Vai-quem-quer.
As caminhadas, às dormidas na Rua Amazonas.

Menino sapeca, levado da breca...
As brincadeiras da boca da noite.
As improvisações de televisão,
O imaginário, os sonhos, os Momentos.

Momentos felizes, momentos de criança.
Dos amigos, Alexandre, Curupirão,
Binzo, Peida Fede, João, Herliton Pavão.
Tico, Dulo, Oleio, Caiá, Nitó, Manel, Neto,
Antenor Cão sem rabo, Miquelão.
Arigó Badalo, Barrosinho, Aluízio, Biziguidon...

Armandinho com sua roda,
Dos circos, trapézios, diversões...
Momentos que ficaram gravados,
No fundo do coração.

Maresia! Maresia!
Teu filho pede licença.
Guardas contigo, esta saga de menino e,
Quando eu partir, podes contar,
Os meus segredos.

Aldemir Bentes de Maués – Maués, 10/01/2009 – às 09:30




TUA NUDEZ

Quero te ver nua,
Explorar Tua Nudez,
Admirar Tua Nudez,
Quero Tua Nudez só para mim.
Para conhecê-la.
Para admirá-la.
Para possuí-la.
Para vivê-la.

Quero te ver nua.
NUA do egoísmo,
do rancor,
da inveja,
da cobiça,
da rivalidade,
da ganância,
dos interesses particulares,
da violência...
Quero Te Ver Nua,
Minha Maués.
Despojada de todo o mal que te cerca.

Aldemir Bentes de Maués – 02/12/2008.













Um comentário:

  1. Amigo Aldemir, li com atenção suas lindas poesias, somente um caboco de Maués =e capaz disso, és um Homero de Miranda Leão da atualidade. Parabens amigo. Ena Silva

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