quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EI RÁPAZ, EI BARÔ, AMARA A BARÁCA!

2011 - após mais de 30 anos da missa rezada neste local, pelo Padre Leão Martinelli, ergueu-se uma Igreja.



Por Aldemir Bentes*

Rio Apocuitaua – abril-Anos setenta-Praia em frente da Vila da Liberdade.
A memória não me abandonou e voltei ao tempo, treze, quatorze anos de idade, passados mais de 30 anos, por aí. Meus companheiros, Barrô, Everaldo Macedo, Antônio Batista Afilhado, Oleio do Valmir barbeiro, Damião do Barbeirinho, Púri, Carlos, Cide e Cacaio, filhos do poeta Alcides Werk, Borotas, Carlos Victor, Manoel, meu primo, Zamba, Nelsinho Cunha, Edmilson Castro, Gorgira, Pilacão, Pimentinha, Brito e outros que peço desculpa, a memória não me ajudou.
Saímos de Maués e rumamos para o Rio Apocuitaua, íamos para um acampamento de escoteiros em companhia e patrocínio de padre Leão Martinelli. Subimos rio acima, visitamos as comunidades do Bom Jesus do Canela, Vila da Liberdade (recém-criada) e São Raimundo que era em outro local, diferente do local de hoje.
Ao chegarmos na Vila da Liberdade, começamos a levantar o nosso acampamento em uma extensa praia em frente da vila. Era de tardinha e o tempo anunciava um grande temporal. Apesar de nossas agilidades em “armar” as barracas, naquele momento tínhamos que fazê-la com mais agilidade ainda, pois o temporal, estava munido de chuva e vento forte. Todos se empenharam em buscar abrigo nas barracas. Padre Leão preocupado, agitado, grita para o Barrô, que era o monitor da Patrulha Águia, “Ei rápaz, ei Barô, amara a baráca”. Todos riram, pois o padre, a exemplo do amigo Xico Gruber e Leopoldo, não conseguia pronunciar o som de “RR”, o som arrastado de RRio, saia “riu” com um som mais gutural. A frase virou piada e até hoje quando estamos lembrando o nosso passado, lembro e cobro o meu amigo Barrozão, “Ei Barô, ei rápaz, amara a baráca”..
Velhos tempos...nessa viagem inesquecível, visitamos a Comunidade de São Raimundo, lá almoçamos e jogamos futebol com a equipe local, cujo goleiro era o Zeca Patativa. Enfrentamos a equipe da Liberdade, perdemos de 6 X 1, também, nós todos pequeninos, enfrentamos um time de adultos. A trave do gol era oficial e nosso goleiro um garoto, depois que o Everaldo foi nos defender. O Cide era o cinta preta, apelido dado pelas dezenas de torcedoras mulheres que ficavam na beira do campo gritando “marca o cinta preta, segura o cinta preta”. Foi nessa viagem que conhecemos o famoso “Diabo em Pó” que usava uma touca. Também promovemos competições, a travessia a nado, do nosso acampamento até a Liberdade. Ainda hoje, o morador Cutia, da Vila da Liberdade se lembra dessa façanha. Foi nessa viagem que passamos o sábado de aleluia na Vila, onde construímos um “Judas” de pano e a meia noite, o destruímos com nossas lanças incendiárias, foi um espetáculo. Gorgira fez a brincadeira do cachorro, lembra Gorgira?
O padre Leão rezou missa ao ar livre, construímos um altar e uma cruz com varas rústicas em frente da atual Igreja.
Então, aqui quero render minhas homenagens ao homem, ao padre Leão Martinelli, o amigo eterno dos jovens de Maués. No último dia 03/09/2011, Deus o chamou para auxiliá-lo lá no céu.
*Aldemir Bentes é filho de Maués, Mora em Maués, formado no Curso de Letras pela UEA de Maués, administra o Blog do Aldemir de Maués. Maués, quarta-feira, 07/09/2011 – 09:46.

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