Este artigo foi escrito em 14 de abril de 2009.
Por *Aldemir Bentes de Maués
“O costume do cachimbo é que faz a boca torta”. Esse jargão é
apropriado ao momento da vida econômica do país.
Crise! Crise! Crise! A imprensa
americanizada não se cansa de propagar a ideologia do medo, do desespero, da
incerteza. Tudo o que vimos e assistimos pela TV ou lemos em jornais e
revistas, são prenúncios preparatórios para que ninguém perceba que com a
famosa “crise” um seleto grupo de “especuladores” estão ou irão estar, ganhando
muito, mais muito dinheiro.
Para entender a farsa da crise é
preciso explicar: os americanos atualmente são os maiores consumidores do
mundo, tudo que produzem não supre o seu mercado interno, por isso, eles são os
maiores compradores (importadores) do mundo. Ao mesmo tempo em que são os
maiores consumidores, eles também são os maiores especuladores mundiais.
Grandes capitais são aplicados no mercado financeiro em todo o mundo,
principalmente nos países emergentes como o Brasil. Para que esses capitais
sejam aplicados no país, o Brasil paga juros elevadíssimos para os americanos,
que nada produzem aqui, apenas especulam, faturando rios de dinheiro à custa do
sacrifício dos brasileiros que tudo que produzimos é tributado com as maiores
taxas de juros do mundo.
Com a quebra de grandes
instituições de créditos, como bancos, financeiras e seguradoras, os americanos
viram seus capitais, suas economias sumirem no ralo da crise. Isso gerou o
efeito dominó com o alastramento a outros setores da economia, causando
desemprego, estagnação da produção e queda no consumo. Com a queda do consumo,
as importações foram suspensas e o protecionismo aos seus produtos veio à tona.
Com isso, todos os países que vendem
(exportam) para os Estados Unidos sentiram os efeitos da crise.
E sabemos que quando alguém
perde, alguém ganha. E nesse episódio, a coisa não é diferente. Alguém (grupos)
deve estar ganhando ou vai ganhar muito dinheiro à custa da crise.
No Brasil, onde a economia está
controlada, com a estabilização e controle da inflação, com o aumento da produção
industrial e agrícola, alcançando safras extraordinárias; pois somos os maiores
produtores de frango, de algodão, de suco de laranja, de aço e a indústria de
automóveis são as mais modernas do mundo. Com todas essas vantagens a crise por
aqui não afetou muito. Afetou mais os setores de exportação, mesmo assim, em
menor escala, pois o mercado interno absorve grande parte da produção.
O governo brasileiro agiu de
forma rápida, reduziu alguns impostos federais, os governos estaduais tomaram
as mesmas medidas. Ao mesmo tempo em que essas medidas puderam segurar a
produção e consequentemente milhares de empregos, os municípios brasileiros
viram cair o valor dos repasses a eles destinados. Há municípios, aqueles que
dependem unicamente dos repasses governamentais, ficaram inviáveis. Isso comprometeu
ou poderá comprometer a folha de pagamento, causando atraso no pagamento de
funcionários, de fornecedores e a suspensão e paralisação de obras.
Desta forma, restou aos
administradores municipais (prefeitos) buscarem soluções capazes de compensarem
as perdas sofridas, para que o município não sofra o pior com os cortes
efetuados.
Algumas medidas deverão ser
colocadas em prática e toda a população, do mais humilde cidadão ao mais
importante, deverão se unir para que essas medidas surtam o efeito desejado.
Cada um deve fazer sua parte e sacrifício.
O poder público deve em primeiro
lugar: Elaborar metas, na qual cada secretaria ficaria incumbida de cumpri-las.
Acabar com a indústria do
paternalismo. Por exemplo, cada comunidade rural passaria a administrar seus
recursos, buscando soluções para os problemas mais corriqueiros, como limpeza
da comunidade, conserto e conservação de prédios públicos sob sua
responsabilidade. Deixando os problemas de água, luz e construções por conta do
Poder Público, pois esses demandam mais recursos. Hoje o comunitário vem até a
sede do município em busca de uma telha que quebrou, de uma janela, de
gasolina, etc. Ora esses pequenos problemas a comunidade deve solucionar sem a
intervenção do poder público. São problemas domésticos e essa prática tem que
acabar. É um problema cultural, todos acham que o poder público pode tudo.
Nesses tempos de falta de recursos é bom que todos se empenhem para a mudança
desses hábitos.
A economia no consumo de água e
energia é outro setor que deve ser revisto. As escolas, os setores da
administração, as feiras livres, os postos de saúde, todos devem começar a
economizar, para isso, se estabeleceria uma meta de economia nesse setor. Essa
economia poderia ser transferida para outra área, como o pagamento de
funcionários, por exemplo.
As diárias de funcionários
comissionados devem ser controladas e somente liberadas aquelas de extremo
interesse do município.
Buscar junto aos órgãos federais
e estaduais, a retomada das obras paralisadas, para que novos empregos sejam
gerados.
A Câmara deve aprovar a lei que
regulamenta a cobrança da Iluminação Pública, pois o município não possui lastro
para arcar com essa despesa.
O setor de tributação do
município deve se empenhar em receber dívidas em atraso.
Conscientizar a população para a
necessidade da coleta de lixo, pois o que se vê é que muitos moradores só
colocam o seu lixo, depois do carro coletor passar.
Usar produtos regionais (jerimum,
macaxeira, verduras) na merenda escolar do município, garantindo assim, a
compra da produção do pequeno produtor.
Acabar com a cultura do
clientelismo através de ações puramente eleitoreiras, substituindo por
investimentos na estruturação viária da cidade. Criando frente de trabalhos
para a execução de pequenas obras.
Com medidas voltadas para o
equilíbrio dos gastos públicos e a busca constante de geração de emprego e
renda, o município de Maués não sentirá a profundidade da crise. Portanto,
estas práticas devem ser permanentes, pois só através de ações responsáveis,
haveremos de tornar Maués um município viável, recuperando o crescimento e a
alegria de seu habitantes.
É na crise que se criam soluções.
*Aldemir Bentes é filho de Maués,
Escritor, Formado em Letras pela UEA – Núcleo de Maués – Maués, 14/04/2009 – às 00:35 h
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