EU SOU CORRUPTO

*Por Aldemir Bentes de Maués, um apaixonado por esta cidade.

Nos últimos anos, a sociedade em geral tem reclamado dos procedimentos nada republicano de alguns políticos. Os governos federal e estadual têm buscado coibir as práticas corruptas de alguns gestores públicos. Temos visto, constantemente, no governo passado e neste atual, grandes operações deflagradas pela Polícia Federal, Receita Federal, Ministério Público e CGU se mobilizarem a caça de gestores públicos corruptos. Tornou-se rotina a saída de ministros cuja causa, é a prática de corrupção apontada pelos órgãos fiscalizadores em seus ministérios. Os mais comuns, se assim podemos dizer, são os desvios de recursos canalizados para suas siglas partidárias ou grupos de seus interesses.

Pesquisas apontam que o montante de recursos desviados pela corrupção no Brasil, se compara ao PIB da Colômbia. Os frutos dessa corrupção estão refletidos na vida diária do cidadão brasileiro comum. Apesar dos recursos destinados para a saúde, educação, infraestrutura e investimentos, o que vimos no cotidiano é uma saúde caótica com falta de remédios, hospitais e profissionais suficientes para atenderem a grande demanda. Na educação o problema se repete e vão da falta da merenda escolar aos baixos salários dos profissionais da educação. Faltam salas de aulas por todo o país, desta forma, se busca o improviso, no qual as administrações buscam parcerias com igrejas e instituições particulares, cujos convênios, na maioria das vezes, é a disponibilidade dos espaços dessas instituições para abrigarem salas de aulas.

O descaso dos gestores com a educação e saúde, beira o absurdo. Faltam escolas, faltam reformas das escolas, falta seriedade na gestão da merenda escolar, faltam veículos, tantos terrestres quanto fluviais (caso da nossa região) para a locomoção de alunos de forma confortável e segura. Alguns avanços foram implementados, mas a comunidade escolar merece mais, pois recursos são colocados à disposição das administrações. Da mesma forma, faltam investimentos na saúde pública brasileira. Mas o que causa indignação, é que os recursos são alocados para esses setores, no entanto, eles não chegam aos seus destinos, ficam ao longo do caminho, desviados pela cultura da corrupção tão acentuada que ocorre nas administrações públicas do nosso país.

Com o advento da Ficha Limpa, uma esperança surgiu para o povo brasileiro, a sua aplicação imediata, significará o banimento de políticos corruptos da vida pública brasileira. A chamada Lei da Ficha Limpa é resultado do esforço da sociedade brasileira, que, através de mais de 2 milhões de assinaturas, conseguiu que a mesma fosse aprovada no Congresso Nacional. Mas, aqueles que se sentiram prejudicados, recorreram e a lei sofreu alguns reverses. A lei não valeu nas eleições de 2010, no entendimento do STF, e desta forma, beneficiou muitos candidatos chamados fichas sujas que puderam assumir cargos na política.

Como vimos, muitos avanços foram evidenciados para que a corrupção fosse banida da nossa vida política-administrativa, mas o que vemos a cada eleição é a participação de muitos candidatos que jamais deveriam concorrer a cargos eletivos.

O que falta então?

Falta na realidade a participação maciça de toda a sociedade brasileira na vida política deste país. Falta de nós eleitores, deixarmos de sermos corruptos na hora de votarmos. Quando recebemos, quando aceitamos trocar ou vender nosso voto, estamos sendo corruptos, até em maior grau, do que os nossos corruptores. Quando trocamos ou vendemos nosso voto, estamos legalizando a prática da corrupção na vida política administrativa de nosso país. Quando vendo ou troco meu voto, estou autorizando os gestores corruptos a praticarem mais corrupção, e isso, com o consentimento que dei a ele através de meu voto.

Portanto, vamos deixar de sermos corruptos na hora de votarmos, se não votarmos em corrupto, certamente ficará mais difícil à prática da corrupção por esses maus gestores da administração pública.

Então pense, você quer ser corrupto ou não?

*Aldemir Bentes é filho de Maués, Mora em Maués, formado no Curso de Letras pela UEA de Maués, administra o Blog do Aldemir de Maués. Maués, quinta-feira, 10/11/2011 – 07:41.