Manaus, 17 de novembro de 2015.
O deputado José Ricardo Wendling (PT)
declarou nesta terça-feira (17) que as denúncias de irregularidades e desvio de
recursos em obras do Estado, reveladas pelo ex-secretário de Estado de
Infraestrutura (Seinfra), Gilberto de Deus, e que podem chegar a R$ 400 milhões,
são tão graves quanto as do Município de Iranduba, alvo de duas operações do
Ministério Público do Estado (MPE) e da Polícia Federal (PF), com desvio de
mais de R$ 100 milhões, no qual já foram presos o prefeito, secretários e até
vereadores, incluindo, o presidente da Câmara Municipal da cidade. “São
políticos de vários partidos. Mas são pessoas que, por causa do dinheiro, se corrompem
e caem na lama da corrupção”.
Mas ele destacou que a também
ex-secretária da Seinfra, Waldívia Alencar, já tinha revelado à imprensa que a
maioria das obras do Estado tem aditivos acima do que é permitido por lei. Só num aditivo na obra de duplicação da Estrada Manoel Urbano/AM-070
(Manaus-Manacapuru) o Estado pagou R$ 55 milhões. Isso sem falar nas
obras de construção da Ponte do Pera,
no Município de Coari, com contrato de R$ 11 milhões, onde teria sido pago R$ 9
milhões, mas não teria feito nem R$ 1,5 milhão. Outro caso foram os R$ 26
milhões para a construção do Monotrilho em Manaus, pela empresa CR Almeida, que
também não teve execução.
“É dinheiro que falta para
os hospitais do Estado, para a educação, para a segurança. Mas os deputados
governistas estão se negando a investigar tão grave denúncia. Apresentamos um requerimento
solicitando à Mesa Diretora a vinda do ex-secretário Gilberto de Deus na Aleam,
que até
hoje aguarda decisão; e aprovamos na Comissão de
Direitos Humanos a realização de uma audiência com o ex-gestor, que estava
marcada para hoje, mas ele se manifestou por meio de documento de que já havia
solicitado a sua presença na Assembleia para esclarecer todas essas denúncias,
porém, aguarda a presidência da Casa confirmar a data. Agora, vou ficar
cobrando do presidente uma resposta. Este parlamento não pode se calar frente a
tão graves denúncias”, afirmou o parlamentar.
José Ricardo cobrou,
mais uma vez, que os demais parlamentares assinem a proposta de criação de uma
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Aleam para investigar todas essas
denúncias, mas, até agora, somente cinco deputados estão apoiando: José
Ricardo, Luiz Castro (Rede), Alessandra Campêlo (PCdoB), Wanderley Dallas e
Vicente Lopes, ambos do PMDB. “O mau uso do dinheiro público não pode ficar sem
explicações”.
Grande investigação nos hospitais da
cidade
Os
hospitais da cidade estão abandonados, constatou o deputado José Ricardo, após
visitar várias unidades de saúde, como FCecon, prontos-socorros João Lúcio e 28
de Agosto, Instituto da Mulher, Adriano Jorge e Francisca Mendes. Esta última,
ele esteve pela terceira vez na última sexta-feira (14) e disse que é lamentável
saber que existe uma fila desumana, de meses de espera, para a realização de
exames e procedimentos na área cardíaca por falta de investimentos em equipamentos.
“No Francisca Mendes,
precisam de mais aparelhos para fazer exames de ecocardiograma, que custam uma
média de R$ 300 mil, e de equipamentos para realização de procedimentos de
hemodinâmica, uma média de R$ 2 milhões cada máquina. Por conta dessa falta de
investimentos, pacientes têm seu quadro de saúde agravado que podem levar à
morte”, denunciou o parlamentar, enfatizando que, na outra ponta, o Estado
desperdiça dinheiro e até desvia recursos públicos em obras e aditivos ilegais.
Ele irá enviar relatório ao Governo sobre essa realidade, como ainda irá
apresentar emenda ao orçamento para garantir a compra desses equipamentos
fundamentais à saúde.
Para o deputado, é
preciso fazer uma grande investigação na saúde do Estado, para saber como estão
sendo administrados os hospitais da cidade. “E quem é privilegiado com essa má
gestão são os hospitais particulares, por meio de convênios com o Estado.
Preferem privatizar e privilegiar amigos, enquanto a população está sofrendo
nas filas. É caso de vida ou de morte”.
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