Professor Luizinho Aguiar |
A gravidez é um momento muito
esperado pela família dos futuros pais e muito mais pelos próprios pais,
trata-se de um sonho e a forma inexorável da perpetuação da espécie humana,
isso quando há toda uma preparação, o namoro que é conhecimento dos pares e um
planejamento que possa proporcionar ao bebê as condições favoráveis para
desenvolver integralmente de forma satisfatória. Por outro lado, se a gravidez
é inesperada, ou resultado de desconhecimento da realidade, traz consequências
graves para a sociedade, a gravidez na adolescência é um dos grandes problemas
a serem enfrentados, até porque ocorre de forma alarmante em nosso país.
Por que isso acontece? O mundo
moderno, sobretudo a partir da década de 1960 e início do século XXI vem
passando por inúmeras transformações no campo político, econômico social e em
especial no campo da informação que tem na informática principalmente na
internet e na televisão os meios de comunicação de massa capaz de exercer
grande poder de influência em nossas crianças, adolescente e a própria
juventude. Isso tudo favoreceu o surgimento de uma geração cujos valores éticos
e morais encontram-se desgastados. O excesso de informações alienantes e a
liberdade permitida aos jovens leva-os a tratar assuntos importantes com
banalização, o sexo é um deles, somado a desestruturação familiar, o
afastamento dos pais em virtude do próprio trabalho ou pela separação fato
muito comum nos dias de hoje e pela despreparação da escola em não responder
demandas sociais importantes, culminam na gravidez precoce e suas consequências
perniciosas a sociedade.
Por ser na adolescência que ocorre um
grande índice de gestação não planejada, é necessário fazer algumas
considerações a respeito desse período vidal. A Adolescência vem da palavra
latina adolescere, que quer dizer
“crescimento”. É nesta fase que ocorre importantes mudanças, não só aspecto
físico, mas, sobretudo, no campo comportamental. O sexo surge como sentido,
vivido, e como diz Buhler é algo que provoca desassossego e surge como “falta
de complemento” há uma erotização da personalidade. No afeto os Adolescentes se
distanciam dos pais não gostando de demonstrar carinho, a não ser com o
namorado (a). São críticos aos adultos e aos problemas sociais: propõe soluções
muito racionais e desejam resolver os problemas do mundo inteiro. São sensíveis
e detestam hipocrisia, combatem as injustiças e se levantam como juízes das
causas dos mais fracos. É um momento de grande complexidade de difícil
compreensão, e exatamente por isso por não serem entendidos que agem de forma
irresponsável, principalmente com relação à sexualidade.
É importante ressaltar que de forma
alguma se podem tratar os jovens de forma linear, aqueles que por sorte tiveram
uma boa formação na sua infantilidade, na adolescência serão capazes de melhor
compreender as coisas que acontecem no mundo, por outro lado a desastrada
condição dos filhos oriundos de pais separados, ou drogados, vivendo em
condições insalubres como resultado de sua condição social desfavorável,
evidente que não terão um desenvolvimento digno da cidadania.
O sexo é importante para a vida das
pessoas, além de ser uma necessidade biológica, para os seres humanos essa
experiência adquire um caráter social, ou seja, pode possuir significados diferenciados
para cada povo, além do mais é no ato sexual que o homem e a mulher sentem o
ápice do prazer, e por ele busca de forma às vezes até mortal a forma de estar
sempre praticando. Pesquisas sérias de cientistas renomados apontam que possuir
uma vida ativa sexualmente melhora muito a qualidade de vida das pessoas.
Portanto, não quero aqui nessas singelas
palavras fazer críticas as meninas mães, simplesmente quero alertá-las que o
sexo praticado de forma irresponsável, quer dizer não utilizando os devidos
métodos contraceptivos, tendo a camisinha o instrumento mais importante, pelo
fato de que ela além prevenir a gravidez, previne também doenças venéreas, especialmente
a mais letal de todas a AIDS.
A conclusão que tiramos pelo índice
alarmante não só em Maués, mas em todo o Brasil, principalmente nas classes
populares, que não obstante o grande volume de informações que dispõe, não só
nos meios de comunicação, mas também nos órgãos governamentais a respeito de
como se deve evitar uma gravidez, não está surtindo o efeito esperado. Os
adolescentes pobres estão agindo de acordo com o instinto, atendendo a força do
desejo da vontade que palpita no cerne do seu ser, seja resultado da paixão ou
mesmo pela consequência das carícias mais audaciosas que se tornam inevitáveis
como a fome e a vontade de comer. Somos todos animais, a diferença é que somos
racionais e é exatamente a cultura que faz essa diferença. Pela cultura
aprendemos coisas importantes, fundamentais de comportamento. Não acredito que
uma jovem tendo a consciência da responsabilidade de colocar alguém no mundo é
capaz de fazer, sabendo que este fato a impedirá, por exemplo, de prosseguir
seus estudos, de passear, viajar, está com seus amigos, projetar futuros, só
incautamente é possível preferir não dormir direito, quando a criança é
acometida com algum infortúnio, ou mesmo pela fome, alerta a mãe menina pelo
choro que não está bem, e na madrugada, sono pesado, talvez interrompendo um
sonho, acorda forçadamente e vai limpar a bunda do nenê novo. Que dura vida! Não
é isso que eu queria, agora é tarde. Prudente é parar, raciocinar, recomeçar,
correr atrás do tempo perdido, sonhos adiados ou talvez nunca mais conseguido.
Mas enquanto há vida, há esperança, a gravidez precoce por forças das
circunstâncias traz o ensino não da forma melhor, mas pela necessidade e que
talvez este gesto insensato a mãe menina, não queira que sua filha repita o seu
ato. Como falavam nossos pais, pela sabedoria que o tempo lhes concedeu, não
queres aprender pelo amor, aprendes pela dor. E assim vai sofrendo, aprendendo
com a vida não pelo melhor caminho, mas aquele cheio de espinho da flor que
caiu.
As meninas que engravidam na tenra
idade, na verdade são vítimas de um sistema social perverso, que não tem a
capacidade de educar seus filhos, os próprios pais via de regra, não tem
estruturas psicológicas, cognitivas para educar seus filhos de forma que os
tornem preparados para enfrentar as adversidades da vida, isso também acaba
implicando nos meninos rapazes que sendo dominados pela ignorância somado a
mesma da parceira desemboca no ingênuo ato e irresponsável que de certa vez vai
contribuir ainda mais, para aumentar o nosso já grande leque de problemas
sociais. O remédio é o mesmo de sempre, educação de qualidade que possa leva-los
a reflexão e esta, a ação sensata de como todos deveriam agir para o bem da
sociedade.
REFERÊNCIAS
ZIELAK, Ofélia Wichert. Psicologia do Desenvolvimento. São
Paulo: Instituto Adventista de Ensino, 1989.
Maués, 06 de novembro de 2015.
Professor Luizinho Aguiar
Menina mãe, sonhos adiados
O que lhe resta, não há festa
Sono perdido, interrompido
Choro engolido, não consolado
Amigos distantes, só há tristeza
E a beleza já não há mais
Na correnteza, sonho se vai
Sonhos desfeitos, leite no peito
Pra consolar, braços estendidos
Bico despido, a amamentar.
Incompreensão, ingratidão
Ralhos barulhentos, tempo cinzentos
Resignada, sem fazer nada
Tem que aceitar.
Pecado inocente, que de repente
Olha pra frente, sem vislumbrar
Futuro incerto, tempo perdido
Coração ferido. Subitamente
Sorriso inocente, vida sofrida
Mas revivida, olhar vibrante
Do ser novinho, sobra carinho
Da mãe iniciante.
Maués, 06 de novembro de 2015.
Professor Luizinho Aguiar
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