Democracia, ruim com ela, pior sem ela.

Professor Luizinho Aguiar

ARTIGO 

Prof. Luizinho Aguiar, pedagogo e poeta

Como resultado da crise econômica e política instalada em nosso país. Nas últimas semanas tem se ouvido através da imprensa falada e escrita rumores a respeito da possibilidade de impeachment da presidenta Dilma. Só tenho a lamentar quando ouço isso, não que concorde com tudo o que está acontecendo no país, a questão, porém é muito mais séria.

O Brasil nunca foi uma democracia consolidada, nossa história retrata bem o que estou afirmando. Tivemos um período colonial de 1500 a1808. Com a chegada da família real em 1808, o país passou a ser império. A proclamação da República só ocorreu em 1889, de lá até 1930, o país foi governado por oligarquias que se alternavam no poder, lideradas por partidos políticos de São Paulo e Minas Gerais, na chamada República do café com leite e também velha república. Com a revolução de 30 Getúlio Vargas chega ao poder através de um golpe de Estado, pois Júlio Prestes tinha sido eleito para substituir Washington Luís. Getúlio governou com aparência democrática até 1937, quando deu o golpe no golpe, o chamado Estado Novo, isto é, uma ditadura comandada por um civil que vai até 1945, quando foi deposto. A partir daí começa a redemocratização do país que vai de 1946 a 1964. Com um novo golpe, desta vez militar.

Depois de 21 anos de sofrimento, prisões, assassinatos, exílio, obras faraônicas, endividamento externo e outras mazelas. Através da luta do povo brasileiro chegamos à nova redemocratização. Eleito pelo colégio eleitoral Tancredo Neves veio a falecer antes de assumir, o então vice José Sarney passou a governar o país até 1989 quando Fernando Collor foi eleito. Sem base de apoio no congresso e envolvido em escândalos de corrupção ele sofreu impeachment. Depois veio Fernando Henrique Cardoso (02 mandatos), Lula também, e finalmente Dilma.

É bom ressaltar que tanto o período colonial, império, velha república, ou seja, quase quatro séculos, sempre estiveram no poder, os poderosos, as oligarquias cafeeiras e seus similares, fazendo do governo a extensão de seus patrimônios, aos trabalhadores a subjugação, a humilhação e todos outros tipos de injustiça.

Portanto, ao completar três décadas de democracia, o maior período desde o fim da velha República, forças reacionárias, elite dominante, conservadores de modo geral, agasalhados em partidos políticos, boa parte da imprensa sopram ventos fortes motivando a saída ilegal da Presidenta. Mas o que mais me assusta e me deixa perplexo, é o fato de ver jovens com cartazes pedindo a volta do regime de exceção. Isso, só me leva a concluir que nosso sistema educacional é precário, não é capaz de suscitar nos jovens o senso crítico perante a realidade social, pelo contrário, desvinculado da realidade dos alunos, nossa educação serve ao sistema, alienando-os. Pois acredito que a educação é uma prática de liberdade de construção da solidariedade, com a finalidade de promover o ser humano.

Não quero aqui, leitores que pense estar concordando com má gestão, corrupção, e todas as falcatruas e irregularidades, pelo contrário, abomino a corrupção, e sei que esta é uma das principais chagas de nosso país, (sobre isso abordarei em outra oportunidade).

A minha preocupação é a manutenção da ordem. A pergunta é a seguinte, para quem é bom o impeachment da presidenta? Acredito que para ninguém, nem mesmo para aqueles que reivindicam. Nosso país não é mais uma republiqueta, estas que normalmente vivem sob a égide de regimes autoritários. Já chegamos a ser a sexta economia do planeta, o que necessitamos é consolidar a nossa democracia, distribuindo melhor nossa riqueza, investindo mais e melhor em educação. Não podemos retroceder pregar o impedimento da presidenta, é semear instabilidades e preparar solo fértil para volta da ditadura. Só quem viveu ou estudou profundamente sobre o último período autoritário sabe o quanto é pernicioso, triste e desumano um regime autoritário. A democracia é o melhor sistema de governo que o homem inventou ao longo da história, com todos os seus defeitos, é mil vezes melhor do que uma ditadura. Democracia, ruim com ela, pior sem ela.

Maués 13 de agosto de 2015.

Luiz Ernane Rodrigues Aguiar (Professor Luizinho).