segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

IGREJA EVANGÉLICA BRASILEIRA, UM INSTRUMENTO DE MANIPULAÇÃO CAPITALISTA.



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Pastor Francisco Antônio Pereira

Francisco Antônio Pereira

RESUMO
A atuação das Igrejas Evangélicas no Brasil têm sido um instrumento de manipulação capitalista. Esta manipulação pode ser explicada partindo-se do princípio do domínio ou da “domesticação” que os pastores exercem sobre o rebanho (membros destas igrejas). Após o proselitismo e o batismo, formas de ingresso nestas igrejas, os neófitos passam a fazer parte do rol de membros. É neste contexto que a pessoa, ou seja, o novo membro, começa a ser manipulado pela igreja para fins e propósitos econômicos em um sistema no qual uma pessoa (física ou jurídica) detém os meios de produção como propriedade privada e investe cada vez mais na manutenção e ampliação do empreendimento. Sob esta ótica do capitalismo aqueles que se afiliam a uma igreja evangélica torna-se um elemento na linha de produção.
Nesta produção está contida a confecção de literatura, música, filmes, programas de rádio e televisão (marketing) e inúmeras atividades com caráter de arrecadação para igreja. Em troca a igreja usa, aplica a sua doutrina e/ou teologia da prosperidade para convencer o adepto a trabalhar e produzir cada vez mais e assim, alcançar uma vida de verdadeiro filho do Deus dono do ouro e da prata. Do ponto de vista da sociologia da religião esta práxis das Igrejas Evangélicas Brasileiras as tornam instrumentos de manipulação capitalista.

Palavra – Chave: Igrejas Evangélicas, Alienação e Capitalismo.

INTRODUÇÃO
Sabemos que na sua essência o capitalismo visa uma sociedade voltada para obtenção e acúmulo de lucros; uma vez que o acúmulo de lucro é o elemento gerador da riqueza. Com seu domínio dos meios de comunicação e sua capacidade indiscutível de manipulação das massas; o sistema capitalista de economia tornou-se uma espécie de Deus da nossa era.
Impotente diante do “adversário forte” a Igreja Evangélica Brasileira, simplesmente curvou-se ao sistema e juntou-se a ele, passando a servi-lo inconsciente ou conscientemente. Vivemos uma época que todos querem viver os princípios presados pelo capitalismo, princípios estes que podem ser resumidos em um verbo “ter”. A Igreja Evangélica no Brasil, se rende a “doutrina” capitalista e sua classe social (as ovelhas) como fonte de renda, com a finalidade de chegar a “ter”. Assim a retorica das igrejas evangélicas, passa a ser: Juntos teremos!
O grande problema reside no fato da igreja como arrecadadora e acumuladora de capital, ter! Mas o seu membro apenas “Ser” usado por um longo período de tempo, numa perspectiva de vir a ter. Este alvo que a igreja aponta a direção para o membro atingi-lo é exatamente a conformação com o estilo de vida capitalista. Em outras palavras a alienação imposta ao evangélico, pela igreja e a mesma filosofia imposta a sociedade globalizada, pelo capitalismo; um paradoxo a pregação da igreja que deveria ser não vos conformeis com este mundo (ou sistema).
Mesmo o trabalho sendo uma vocação dada por Deus aos homens e o lucro aferido bênçãos divinas; o acumulo de lucros para a geração de riquezas não deve ser a motivação daqueles que buscam o evangelho, buscam tesouros nos céus. Sob esta ótica as Igrejas Evangélicas Brasileiras, deixam de atender ao ide de Jesus Cristo, automaticamente tornando-se instrumento de manipulação capitalista. Vale ressaltar aqui que o lucro honesto não é pecado, mas o amor ao dinheiro e a raiz de todo mal; lembra ainda que os evangélicos confessos, devem buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça.

DESENVOVIMENTO
            No Brasil, o fiel (aquele (a) devoto (a) que congrega) evangélico, busca uma igreja por vários motivos dentre eles na procura por uma situação financeira melhor e é neste calcanhar de Aquiles, que a igreja ver um público alvo, uma fonte de renda. Muitas pessoas chegam as igrejas, psicologicamente abaladas, tais pessoas são facilmente alienadas pela denominação que as dominam.
            Pessoas sensíveis e frágeis psicologicamente são rapidamente alienadas pelos líderes (pastores) das igrejas evangélicas como forma de domínio psicológico.
Para a psiquiatria, o alienado mental perde a dimensão de si na relação com os outros! (ARANHA, 2009, p 70).
            A sociedade brasileira é formada por classes, onde prevalecem à desigualdade social, a injustiça, a exclusão e a miséria fazem parte da realidade desta população oprimida sociologicamente, que procuram as igrejas evangélicas na esperança de viver um novo contexto, em um novo grupo social, uma sociedade não hierarquizada, igualitária e justa.
No Brasil esta esperança se manifestou-se em vários movimentos políticos – religiosos, populares, como foi o caso de canudos – na Bahia – para significar o reino de felicidade e abundância que mudaria para sempre a face desértica e miserável do sertão nordestino, o chefe religioso de canudos Antônio Conselheiro, dizia: “ o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão”. (Guerra dos Canudos – 1893 – 1897, Mota e Braick, 2010, p 31).
            Naquele dado momento da nossa história, foi apenas um líder religioso que levou milhares de fiéis/devotos à alienação e consequentemente a destruição. No atual contexto histórico brasileiro, muitos líderes religiosos estão levando milhões de fiéis ao erro e os transformando em fonte de renda. Simplificando, cada fiel é um cliente; assim como para conselheiro cada fiel era um combatente em potencial.
            Alguém pode contestar que conselheiro não era evangélico. Mas quando se trata de alienação religiosa e exploração da fé de pessoas simples, não importa se o líder é evangélico ou de outra religião, o resultado é sempre desastroso. Afinal toda forma de dominação é desastrosa quando tira do indivíduo suas faculdades de direito e liberdade ou seja, toda sua essência do ser.
            Sabe-se que as formas de dominação mais usadas são religiosas, a econômica e a política. Em nosso país a economia capitalista dominou a religião evangélica. Esta por sua vez tornou-se serva do capitalismo. Assim sendo a práxis das igrejas evangélicas brasileiras é robotizar seus membros e mantê-los dentro do sistema econômico e ao seu serviço. Isto posto a estabilidade financeira, e o acesso a uma excelente qualidade de vida é a prédica (sermão) das igrejas evangélicas brasileiras atualmente; somente quem detiver (no sentido de possuir) tais “sinais” em sua vida, poderá considerar-se e ser considerado “abençoado” por Deus e membro da igreja.
            Aqueles irmãos mais simples, mais humildes que estão na igreja e ainda não alcançaram um padrão de vida digno na concepção capitalista/cristã da igreja. Devem continuar se esforçando em campanhas e propósitos para atingir a meta, de todo cristão evangélico brasileiro. Isto é dar um bom testemunho, de uma vida com abundancia; uma vez que o homem ou a mulher abençoado(a) é aquele, aquela que tem um elevado poder aquisitivo.
            Neste contexto a igreja evangélica brasileira, está considerando homens de bem, aqueles que são homens de bens.
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Sabe-se que não são todas, mas a maioria das igrejas brasileiras, mesmo com registro de entidade de personalidade jurídica sem fins lucrativos são instrumento de manipulação capitalista. Tais igrejas pecam na sua atuação e enfrentam dois gargalos como problemática: o primeiro é fazer acepção de pessoas (discriminação); logo as pessoas “mais abençoadas”, bem-sucedidas no seio da igreja são tratadas de forma privilegiada, recebendo honrarias, cargos, funções e títulos. Aquelas consideradas mais humildes, são apenas um número a mais no rol de membros.
            O outro problema surge quando o crente (fiel) percebe – depois de algum tempo – que está sendo manipulado, alienado, explorado ele encontra duas opções de escolhas: ele sai da igreja, passando ser considerado um rebelde desviado ou como segunda opção ele (a) “abre” (cria, funda) sua própria igreja; passando a explorar, manipular e alienar outras pessoas, com a finalidade de adquiri e acumular lucros.
            Assim neste círculo vicioso, surgem novas igrejas evangélicas todos os dias em nosso país; estas pequenas igrejas quase sempre se tornam grandes negócios; mas sempre pequenas ou grandes são instrumentos de manipulação capitalista.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Temas de Filosofia.
COSTA, Cristina. Sociologia. 2. Ed Moderna. 2005.
MARTINS, Marie Helena Pires. Filosofando. Introdução a filosofia. Ed Moderna 2009.
OLIVEIRA, Pérsia Santos. Introdução à sociologia. Ática 2002.
TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia. Saraiva 2010.

Um comentário:

  1. PARABÉNS, PASTOR! O SEU ARTIGO FOI CIRÚRGICO, PRECISO. O QUE SE PERCEBE É O LOTEAMENTO DO REINO DE DEUS, A MERCANTILIZAÇÃO DO EVANGÉLIO. FOI EXATAMENTE ESTA PRÁTICA DIABÓLICA QUE MOTIVOU MARTIN LUTERO A DEFLAGRAR O CHAMADO MOVIMENTO PROTESTANTE. AGORA AS MÁS PRÁTICAS DOUTRINÁRIAS E PATRIMONIALISTAS DA ANTIGA IGREJA DE ROMA, ESTÃO SENDO ABSORVIDAS INTEGRALMENTE PELO MOVIMENTO PROTESTANTE EM TODO O MUNDO. É HORA DE UMA NOVA REVOLUÇÃO NO SEIO DA IGREJA CRISTÃ, UMA MUDANÇA DE RUMO QUE NOS GARANTA A GRATUIDADE DA GRAÇA DE DEUS, QUE RECOMENDA DAR DE GRAÇA O QUE DE GRAÇA RECEBEMOS. A IGREJA QUE TEMOS HOJE NÃO É A IGREJA DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO E SIM A IGREJA DO ISCARIOTES. (BOSCO TAVARES RUELLA).

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