Superação.
A palavra marca o 21º título do Caprichoso, grande campeão do 50º
Festival Folclórico de Parintins. Com 12,5 pontos de diferença, o bumbá
azul e branco superou o rival Garantido mesmo após ter enfrentado um
temporal na primeira noite de apresentações, dia 26. A chuva que varreu
Parintins levou o Caprichoso a cancelar o ritual indígena da primeira
noite e adotar uma série de adaptações nas noites seguintes.
Mas
valeu a pena. E o boi venceu o rival inclusive na noite da chuva. O
tema deste ano, “Amazônia”, encantou jurados e os torcedores. O
Caprichoso levou para a arena do bumbódromo o amor pela floresta em três
capítulos: “Amazônia, o Encontro dos Povos”, “A Arte da Criação” e
“Amazônia nas Cores do Brasil”.
O
presidente da agremiação, Joilto Azedo, comemorou o título, primeiro de
sua gestão. “A chuva que enfrentamos na primeira noite impulsionou
nossos artistas e nossa torcida. Isso é incontestável. Mas é importante
destacar que o Caprichoso se preparou para ser campeão", disse ele,
ressaltando os meses de trabalho – iniciados em setembro de 2014 – e os
reforços que fez no Conselho de Arte do boi, chamado por ele de "espinha
dorsal do boi".
NOITE A NOITE
A
primeira noite foi do boi Caprichoso, com 418, 9 pontos. O Garantido
ficou com 412,1. Entre os destaques da abertura da festa, a sinhazinha
do Caprichoso, Karyne Medeiros, que recebeu nota 10 de todos os
jurados. O desempenho se repetiu nas outras duas noites de festa.
Na
parcial da segunda noite, que foi bem mais equilibrada, o Caprichoso
ampliou a vantagem para 6,9 pontos. O boi azul obteve 415,7 pontos nesta
noite. O Garantido teve 415,6.
No
final o boi azul ficou com 1254,3 pontos, contra 1241,8 do
vermelho. Edmundo Oran, que estreou como amo do Caprichoso, ganhou do
experiente Tony Medeiros na terceira noite de apresentações. Uma das
disputas mais acirradas foi no item individual levantador de toadas, em
que David Assayag venceu Sebastião Júnior por pequena diferença de
pontos: 60 a 58,7.
No geral, o
Caprichoso se saiu pior nos itens individuais. Além da vitória do
levantador de toadas, também foram superiores apenas o apresentador e a
sinhazinha do boi azul. O Garantido venceu com a porta-estandarte, o
amo, o pajé, a cunhã e o próprio boi - que em evolução levou 10 de todos
os jurados, contra 59,1 do Caprichoso. Houve empate nas notas das
rainhas do folclore.
A diferença a
favor do Touro Negro veio de itens coletivos e de conjunto. Neles, o
Caprichoso venceu o festival do início ao fim. O polêmico ritual
indígena, pontuado inclusive na noite em que não entrou na arena, gerou
diferença de meio ponto a favor do azul. Mas a vitória mesmo veio com os
dois pontos a mais que a Marujada de Guerra impôs à batucada. E ao 1,9
ponto do item toada/letra e música. Essas foram as duas maiores
diferenças de pontuação, seguidas pelas notas no item coreografia, com
vantagem de 1,3 ponto para o azul. Confira mapa da apuração.
PROTESTO
Ao
final da apuração, o presidente do Garantido, Adelson Albuquerque,
protestou contra o resultado, que ele chamou de vergonhoso. "Peço
desculpas aos patrocinadores e ao torcedor que veio a Parintins. O que
aconteceu aqui é lamentável". Mais cedo, o Garantido entrou com pedido
para anular a apuração. O documento, com referências à denúncia de
manipulação de jurados, foi desconsiderado pela Comissão Julgadora, que
impugnou o pedido (leia aqui). O boi vermelho, que tem 30 títulos, venceu as duas últimas edições do festival.
POVOS TRADICIONAIS
Membro
do conselho de arte do Caprichoso, Márcio Braz explicou que o foco do
espetáculo do Touro Negro foram os povos tradicionais da Amazônia –
índio, negro e branco –, e a cultura formada a partir da união deles na
mesma região. “Abordamos a Amazônia pelo prisma dos povos que
contribuíram para a nossa formação cultural”, comentou.
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