Manaus, 5 de outubro de 2015.
Foi realizada na manhã desta segunda-feira (5) Audiência Pública para
discutir a situação de mais de 300 agentes de endemias da Fundação de
Vigilância Sanitária do Estado (FVS-AM) que foram exonerados pelo Governo do
Estado em maio deste ano, por decisão do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Também entraram em pauta as reivindicações dos agentes de endemias que estão na
ativa, em busca de melhores condições de trabalho e de benefícios trabalhistas,
como auxílio-alimentação e vale-transporte, reajuste salarial. O debate, de
autoria do deputado José Ricardo Wendling (PT), aconteceu na Comissão de Saúde
da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), presidida pelo deputado Ricardo
Nicolau (PSD), no auditório João Bosco.
Os agentes foram exonerados após o TCE determinar ao Estado o desligamento
daqueles que ocupassem cargos temporários, sob pena de multa. Porém, estes
profissionais foram contratados por Processos Seletivos, e a Emenda Nº 51/2006,
seguida Lei Federal Nº 11.350/2006 e Lei Estadual Nº 3.128/2007, garantem
a permanência nos cargos.
Para José Ricardo, é
preciso buscar os melhores recursos jurídicos para reverter essa situação e
recolocar na FVS os agentes que foram exonerados injustamente pelo Estado. Este
ano, o Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado do Amazonas
(Sindsep) e o deputado José Ricardo, em defesa dos agentes, ingressaram com
Recurso de Revisão junto ao TCE. “Vamos ao TCE pedir agilidade nesse julgamento.
Considero injusta essa demissão de pessoas que estavam há 10, 20, 30 anos
atuando na prevenção da saúde. É importante que a Assembleia não abandone essa
causa. Essa pessoas salvam vidas e precisam trabalhar. Ficar desempregado é comprometimento
da renda familiar, do sustento das famílias”, afirmou ele, enfatizando que essa
exoneração, certamente, teve impacto na saúde da população amazonense. Atualmente, a FVS conta com mais de 1,3 mil
agentes de endemias, dos quais quase muitos atuam na capital o restante no
interior.
“Ainda
esta semana, a Comissão de Saúde irá oficiar o Tribunal de Contas do Estado
para que, na medida do possível, seja agilizada a análise e o julgamento da
petição do Sindicato dos Servidores Públicos Federais que pede a revisão dos
atos que geraram as exonerações. Nesse caso, não se trata de uma questão
administrativa. Estamos diante de uma questão jurídica complexa que precisa ser
resolvida”, complementou o deputado Ricardo Nicolau.
Representante dos agentes de
endemias, Joel Gomes, contou que a decisão do TCE aconteceu em 2011 e
questionou o Estado que prometeu resolver essa questão. “O Governo não nos
defendeu perante ao TCE. Fomos demitidos porque não justificaram a legalidade
do nosso processo, não entregaram os documentos. E foi aí que o Tribunal tomou
a decisão. Hoje, estamos aqui, pedindo para rever a nossa situação. Porque essa
decisão foi arbitrária e forjada pelo Estado”.
Legítima
reivindicação
O defensor público Rodrigo Cavalcante
explicou que é de causar estranheza que se exonerem 300 pessoas, quando o
Processo do TCE, nº 4960/2006, falava da exoneração de somente 19 pessoas
contratadas ilegalmente pelo Estado (Portaria no 2042/2003), por curto período
de seis meses. “A reivindicação dos agentes é legítima, porque eles poderiam
ser mantidos por comandos normativos, dando-lhes o direito à permanência nos
cargos, desde que aprovados em qualquer processo de seleção pública antes da
validade da Lei Federal nº 11.350/2006. Mas, se os agentes públicos não tiverem
essa leitura e se o TCE não julgar favorável esse Recurso de Revisão, iremos
ingressar com Ação Civil Pública para garantir os seus direitos”, esclareceu.
Já o presidente da FVS, Bernardino
Albuquerque, disse que a Fundação proporcionou aos agentes a oportunidade de
serem efetivados, por meio de concurso público realizado em 2008 para 1,3 mil
vagas. “Mas muitos não passaram e outros sequer prestaram o concurso, já que
defendiam que deveriam ser efetivados sem fazer o exame. Se tiver decisão
judicial, não tenho nada contra a incorporação desses profissionais”.
De acordo com Aldevan Brazão Elias,
representando os agentes de endemias da ativa, lembrou do Dia Nacional dos
Agentes de Saúde e de Combate às Endemias, comemorado ontem (4/10), mas disse
que não há muito o que celebrar, diante de tantos descumprimentos trabalhistas.
“Buscamos hoje os nossos direitos. Nosso reajuste salarial era em maio e está
atrasado. Temos direito a auxílio-alimentação e vale-transporte e gratificações
para alguns cargos. Mas o nosso
auxílio-alimentação está atrasado há dois meses, o vale-transporte é só para
quem ganhar até R$ 800 e pedimos reajuste salarial. Estamos pagando para
trabalhar. Queremos ser reconhecidos pelo poder público e exigimos somente o
que está em lei”.
Sobre esse assunto, o presidente da
FVS respondeu que a regra do piso não é só com base no salário-base, mas
contando também todos os benefícios; que o vale-transporte é uma decisão de
Governo, quanto à regra sobre o salário; e que auxílio-alimentação está
atrasado, mas que já está tentando resolver esse impasse. Mas José Ricardo
afirmou que irá cobrar o cumprimento desses direitos do Governo.
Além dos agentes de endemias, participaram
da Audiência Pública representantes da Defensoria Pública do Estado do Amazonas
(DPE-AM), Secretarias Municipal (Semsa) e Estadual de Saúde (Susam), Sindsep,
FVS, dentre outros.
Assessoria
de Comunicação
Cristiane Silveira
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