Matéria de A Crítica
Operação deflagrada pela Polícia Federal investiga esquema de desvio de benefícios de indígenas na região do Alto Solimões
Vítimas contaram que não acompanhavam a movimentação da conta e que a ‘máfia’ tinha o apoio de casas lotéricas
A
Polícia Federal deflagrou uma operação para combater a máfia que retém
cartões do Programa Bolsa Família em parte dos municípios do Alto
Solimões, no Sul do Amazonas. Ao longo da ação, agentes federais
apreenderam cartões de beneficiários indígenas do programa social, que
estavam em poder de nove comerciantes no Município de Atalaia do Norte, a
1.353 quilômetros de Manaus.
A
polícia recolheu ainda diversos documentos que podem colaborar com as
investigações, entre eles anotações de vendas, registros de senhas,
cadernos de apontamentos de dívidas, comprovantes de saque e extratos
bancários. Famílias que eram vítimas do esquema contaram que não
acompanhavam a movimentação da conta e que a “máfia” tinha o apoio de
casas lotéricas.
Esquema
O
presidente da Associação dos Kanamaris na Terra Indígena do Vale do
Javari, Varney Tavares Kanamari, conta que os comerciantes inflacionam
os preços dos produtos alimentícios para garantir o controle sobre os
“parentes” que moram nas aldeias e afirmam que eles mantêm os cartões
retidos como garantia do pagamento das dívidas.
De
acordo com as investigações, além de entregar os cartões, as famílias
também davam as senhas para os comerciantes. Eles mesmos retiravam o
dinheiro do benefício e acompanhavam a movimentação das contas das
famílias. Um dos líderes do movimento indígena da região, Beto Marúbo,
diz que os programas sociais não entra nas aldeias e avalia que isso
incentiva a migração das famílias do Território Indígena do Vale do
Javari para a região urbana em Atalaia do Norte.
Passo seguinte
Segundo
o delegado federal Vinícius Ferreira, coordenador da operação, o
próximo passo será ouvir os comerciantes supostamente envolvidos nos
crimes. Os mandados de busca e apreensão foram expedidos pela Justiça
Federal do Município de Tabatinga, a 1.105 km de Manaus.
Os
acusados poderão ser indiciados e podem responder por processo de
crimes de estelionato em detrimento de instituições financeiras,
apropriação indébita e furtos.
Investigados
Outros
municípios que têm predomínio de população indígena também serão
investigados. A PF informou que vai coibir essa prática, que desvirtua
totalmente a proposta do programa social. Os indígenas vítimas do grupo
serão ouvidos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa matéria.Comentários alheios ao assunto ou que agridam a integridade moral das pessoas, palavrões, desacatos, insinuações, serão descartados.