
Manaus, 22 de Julho de 2011
Audrey Bezerra
Vídeo Galería Áudio
Corte de Contas anuncia a criação de um grupo que vai investigar os repasses financeiros do Governo Estadual para ONGs ligadas a parlamentares (Euzivaldo Queiroz)
Os conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) decidiram, nesta quinta-feira (21), criar uma comissão de inspeção extraordinária, a pedido do Instituto Amazônico da Cidadania (IACI), para verificar os repasses às entidades assistencialistas ligadas aos deputados estaduais feitos pelo Governo do Estado.
A medida tem como base a declaração dada pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Belarmino Lins (PMDB), em entrevista concedida para A CRÍTICA em 24 de outubro de 2010, onde ele revela a existência de um ‘mensalinho’ de R$ 1 milhão para cada deputado governista.
Na época, Belão como é conhecido o deputado, declarou que os parlamentares que se articulavam com o Governo do Estado tinham uma cota de R$ 1 milhão para destinar a obras e serviços para os municípios do interior e até para as próprias entidades assistencialistas por meio de indicações informais. O parlamentar negou que as indicações fossem uma espécie de mesada.
Belarmino Lins disse, à época, que as suas indicações eram destinadas aos municípios do interior via prefeituras porque ele não tem entidade assistencialista. Na ALE-AM, há vários deputados ligados a fundações, ONGs e Oscips. Entre eles: o atual presidente da Casa, Ricardo Nicolau (PMN), ligado ao Instituto Pró-Social do Amazonas e Pró-Saúde; Adjuto Afonso (PP), que tem a Fundação Sebastiana Monteiro; Vicente Lopes (PMDB), fundador da Fundação Maria Lopes; Vera Lúcia Castelo (PTB) vinculada à Associação Verdade da Amazônia e David Almeida (PMN), ligado à Associação Liberdade. Todos são da bancada governista.
O pedido feito pelo IACI estava em andamento no TCE-AM desde o final do ano passado. O relator do processo, conselheiro Raimundo Michiles, deu parecer negando a continuidade da matéria. Alegou que o órgão não pode apreciar denúncia contra deputados. O parecer não foi acatado pelo pleno. O conselheiro Érico Desterro emitiu voto para que o pedido fosse aceito e que fosse instaurada uma comissão para analisar os repasses. A maioria dos conselheiros votou a favor dessa indicação.
Julgamento
Ainda na sessão, os conselheiros julgaram 63 processos. Em pelo menos oito, julgadas irregulares, foram aplicados
R$ 19,5 milhões em multas, glosa e alcance. O montante maior foi aplicado a Câmara Municipal de Alvarães do exercício de 2007, sob a responsabilidade de Ademir Pereira Paes, onde houve a inexistência de toda a documentação da comprovação da receita e despesa do município que totaliza R$ 37 milhões, entre outras irregularidades. O ex-gestor recebeu multa de
R$ 1.606.051,04, foi pedido o alcance de R$ 15.867.610,45, totalizando R$ 17.473.661,49.
Também tiveram as contas reprovadas o ex-presidente da Câmara de Tefé, Roberval Gomes de 2008; Aldemar Amazonas Affonso ex-gestor da Fundação Vila Olimpica Danilo de Mattos Areosa (2009); ex-prefeito de Nhamundá, Mário Paulain (2005); ex-deputado Therezinha Ruiz e Vicente Nogueira da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de 2009 e a Prefeitura de Maués de 2006 sob responsabilidade de Odivaldo Miguel de Oliveira Paiva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Comente essa matéria.Comentários alheios ao assunto ou que agridam a integridade moral das pessoas, palavrões, desacatos, insinuações, serão descartados.