terça-feira, 22 de abril de 2014

Produto amazônico: guaraná a preço de ouro



Matéria do Jornal A Crítica

O guaraná em pó produzido pelos “Filhos do Guaraná” nas micro indústrias indígenas de Maués está sendo comercializado em lojas especializadas da Itália e França por 50 euros, o quilo

20 de Abril de 2014
JULIANA GERALDO     ACrítica
O guaraná em pó – produto extraído a partir do beneficiamento das sementes da planta do guaraná (espécie símbolo do município de Maués) está chegando a países europeus a preço de ouro
O guaraná em pó – produto extraído a partir do beneficiamento das sementes da planta do guaraná (espécie símbolo do município de Maués) está chegando a países europeus a preço de ouro (Arquivo-A CRÍTICA )
  

O guaraná em pó – produto extraído a partir do beneficiamento das sementes da planta do guaraná (espécie símbolo do município de Maués) está chegando a países europeus a preço de ouro, ou melhor, de euro. O produto foi comercializado ao longo de 2013 em lojas especializadas da Itália e da França por 50 euros, o quilo (equivalente a R$ 150).


A rota para a valorização do produto amazônico nas prateleiras europeias começa bem longe, em comunidades da etnia Sateré-Mawe, como as 300 famílias produtoras da região do Marau, no município de Maués (a 268 quilômetros de Manaus).

Os produtores, conhecidos como “filhos do guaraná”, colheram no ano passado, aproximadamente oito toneladas de sementes de suas propriedades, que foram vendidas para unidades de beneficiamento localizadas no próprio município de Maués e em Parintins.

As micro indústrias fazem parte do consórcio dos produtores Sateré-Mawe, que adquire a safra comunitária. Em 2013, ela rendeu às famílias da região, um lucro de R$ 240 mil, uma vez que o consórcio paga aos produtores, R$ 30 por quilo do guaraná em caroço. É esse dinheiro que movimenta parte da economia nas 47 comunidades da região. “Quando a safra é boa, o dinheiro ajuda a manter a família por um bom tempo”, garante o cacique João Souza de Oliveira (foto abaixo a esquerda), da comunidade Vila Nova II.



Processo

A partir da aquisição, o consórcio encaminha a matéria-prima paras as unidades de beneficiamento, onde são transformadas em pó e bastão. “Lá, um grupo de 12 pessoas, em média, descasca as sementes, trituram, empacotam a vácuo e encaixotam o produto final em embalagens de 20 quilos”, detalhou o representante do consórcio, Sidnei Miquiles (foto abaixo a direita).

Após o processo, conforme explica Miquiles, as oito toneladas iniciais viram seis toneladas do produto em pó. As remessas são enviadas por avião ou navio para os países europeus até três vezes por ano, conforme a demanda. Na chegada ao continente europeu, o produto está 400% mais caro em relação ao preço pago aos produtores e o processo de exportação rende R$ 900 mil em média por safra anual.

De acordo com ele, apesar da diferença entre as pontas, o preço praticado hoje, ao longo a cadeia foi o mais justo já conseguido para os agricultores da região. “Trabalhamos apenas com empresas que participam do comércio justo – modalidade que visa garantir um pagamento justo a pequenos produtores - e também repassamos parte dos valores obtidos aos trabalhadores”, defendeu Miquiles

A expectativa do consórcio produtor é que a safra deste ano, que será comercializada em 2015 supere a colheita de oito toneladas anuais.



Destaque

O guaraná produzido em Maués é retirado de plantas que não contêm adubos ou aditivos químicos em seu processo de maturação. É o chamado guaraná nativo. As plantas demoram entre sete a dez anos para começar a produzir frutos e sementes.

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