Matéria do Jornal A Crítica
Siena branco utilizado no crime do delegado Oscar Cardoso pertence a empresa da mãe do comandante de Policiamento do Interior da Polícia Militar. Sejus vai abrir processo administrativo para apurar a fuga de ‘João Branco’ e cela diferenciada
De
acordo com o delegado George Gomes, um forte esquema envolvendo o
empresário de uma locadora de veículos e o crime organizado foi
desarticulado por meio da operação Hórus. As investigações apontaram que
a empresa Macedo Rent a Car, do empresário Arlindo Jorge Teles Macedo,
51, vendia carros para uma pessoa identificada como “Dou”, membro da
facção criminosa “Família do Norte. Só para “Dou” foram repassados 49
carros, que depois foram transferidos para os demais membros do grupo.
Os
veículos alvos dos traficantes eram os que estavam com pendências
financeiras junto à locadora e ao banco. “Eles pegavam esses veículos de
pessoas que deviam o financiamento e compravam. O veículo depois era
repassado para o grupo de traficantes da FDN, tudo realizado com
dinheiro provenientes do tráfico de droga”, explicou o delegado.
Segundo
ele, os carros eram supostamente alugados, mas a investigação descobriu
que foram vendidos aos traficantes a valores que variam entre R$ 7 mil e
R$ 10 mil.
O Siena de cor branca e placas OAB-7782, utilizado no assassinato do delegado Oscar Cardoso
e incendiado horas depois, pertence a empresa H. Brandão, da mãe do
coronel Marcos Brandão, comandante de Policiamento do Interior (CPI) da
Polícia Militar. “Vamos investigar qual a relação desse veículo com as
pessoas presas e como ele foi parar nas mãos dos traficantes. Não
importa quem seja a vítima ou os autores, vamos chegar à verdade dos
fatos”, afirmou Gomes.
O
coronel Marcos Brandão confirmou que o veículo pertence a sua mãe, mas
desconhece o envolvimento do carro no homicídio do delegado. “A placa é
da empresa da minha mãe, mas eu não sei a respeito desse assunto. Faz um
mês que não falo com minha mãe”, disse o coronel.
Na
operação Hórus, 35 carros foram apreendidos e encaminhados à Delegacia
Especializada de Roubos e Furtos de Veículos, em Flores, Zona
Centro-Sul, e após os procedimentos foram entregues aos seus donos. No
entanto, nove veículos seguem desaparecidos, todos com restrição de
roubo. O delegado não descarta a possibilidade dos carros estarem
transitando pela cidade com placas clonadas.
Regalias e sumiço investigado
Na
última terça-feira, ao cumprir o mandado de prisão contra o traficante
João Pinto Carioca, o “João Branco”, que cumpre pena em regime semi
aberto no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), no KM-8 da BR
174, os policiais descobriram que o detendo não estava no local. Após
vistoria e ao final da contagem dos presos, a polícia constatou que
faltavam mais 19 detentos do semi aberto.
Nesta
quarta-feira (19), a assessoria de comunicação da Secretaria de Estado
de Justiça e Direitos Humanos do Amazonas (Sejus-AM) informou que, dos
19 presos que não estavam no Compaj no momento da contagem, parte estava
fora porque trabalha, outros estavam com saída temporária e outros em
tratamento médico. Apenas “João Branco” é considerado foragido da
Justiça.
Durante
a vistoria, foram encontrados vários celulares, um rádio comunicador
que opera nas frequências das polícias Civil e Militar, além de um túnel
subterrâneo. A cela de “João Branco” é diferenciada das demais e possui cerâmica no piso, paredes pintadas, prateleiras e ventilador.
Quanto
à fuga do detento, o secretário da Sejus-AM, Louismar Bonates, informou
um processo administrativo será instaurado para descobrir as causas da
fuga e se houve facilitação.
Quatro perguntas para Louismar Bonates, titular da Sejus-AM
1º
Por que a cela do detento “João Branco” é diferente das outras celas do
Compaj, com paredes pintas, prateleiras, cerâmica no piso e ventilador?
Eu não vi e nem tenho conhecimento sobre essa cela. Eu estava em Brasília.
2º O senhor não conhece as celas das unidade prisionais de sua pasta?
Tem
dois meses que assumi a administração do Compaj, não entrei em todas as
celas. Hoje (ontem) irei verificar quem autorizou essa modificação,
instaurar processo administrativo e o responsável será penalizado. Essa
cela não pode ficar assim, se realmente estiver desse jeito, vou mandar
quebrar, tirar tudo que foi modificado. Todas as celas devem ser iguais.
3º Como um rádio comunicador, que opera nas frequências das Policias Civil e Militar, foi parar dentro da cela de um detento?
Assim
como celulares, outros objetos também podem entrar na penitenciaria. O
rádio também pode ter entrado. Sempre é feita a revista para evitar que
isso aconteça, mas sempre passa alguma coisa.
4º E quanto ao túnel que daria acesso ao lado de fora da unidade prisional?
Não tenho como responder sobre isso ainda. Não vi esse túnel, e ontem (terça-feira) não estava em Manaus.
*Colaborou Perla Soares
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