Matéria do Jornal A Crítica
Nesta segunda-feira (10), clima de revolta tomou conta do velório do delegado Oscar Cardoso, assassinado no domingo, e policiais prometem vingança
 
		  
		    Colegas de profissão, familiares e amigos do delegado Oscar 
Cardoso lotaram o velório dele, na manhã desta segunda-feira, na sede do
 Sindicato dos Policiais Civis do AM
		    
		    
Os homens que executaram com mais de 20 tiros o delegado de Polícia Civil Oscar Cardoso Filho,
 61, ainda nem foram identificados e já estão jurados de morte. As 
manifestações de revolta por parte dos policiais eram vistas durante o 
velório e também nas delegacias.
“O
 que fizeram com o doutor foi uma humilhação para nós e isso não vai 
ficar assim”, disse um investigador. Muitos chegaram a demonstrar o 
desejo de vingança. Para eles, pela forma como Oscar foi executado, os 
criminosos pretendiam demonstrar que exercem poder sobre a polícia.
Segundo
 testemunhas, os assassinos chegaram em um Siena à rua onde a vítima 
morava, no bairro São Francisco, Zona Sul, no final da tarde de domingo.
 Quatro homens armados desceram do carro, mandaram as pessoas se 
afastarem de Oscar, pouparam o neto dele, que estava no colo do 
delegado, e atiraram. Os criminosos fugiram sem serem identificados.
O
 corpo de Oscar Cardoso foi velado nesta segunda-feira, na sede do 
Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol), no bairro São Sebastião, Zona 
Sul. O velório foi marcado pela comoção dos colegas e familiares. Para 
eles, a forma como o delegado foi morto representa uma afronta para o 
sistema de segurança pública do Estado.
Ainda
 no velório, os colegas do delegado revelaram que ele sabia que estava 
marcado para morrer e que, na semana passada, chegou a pedir para ser 
transferido da capital para um município do interior. Oscar só não 
revelou de quem partiram as ameaças.
Investigações
As
 investigações para prender os matadores do delegado Oscar Cardoso 
começaram logo após ele ter morrido. Ontem, o delegado-geral da Polícia 
Civil, Josué Rocha, disse que foi criada uma força tarefa, composta por 
oito delegados, e que “o trabalho estava avançando”.
A
 polícia está trabalhando com duas linhas de investigação para tentar 
elucidar o homicídio. A primeira é que o crime foi motivado por vingança
 ao estupro sofrido pela mulher do traficante João Pinto Carioca, o 
“João Branco”, em setembro do ano passado.
Segundo
 fontes ligadas à polícia, há informações de que João Branco elaborou 
uma lista das pessoas que pretende matar, que é encabeçada pelo delegado
 Oscar. Nesta segunda, policiais que foram presos com o delegado na 
operação procuraram o Comando Geral da Polícia Militar para pedir 
proteção. Eles estão em uma unidade da PM.
A
 segunda linha de investigação é que o crime teria sido uma vingança de 
traficantes de drogas que foram extorquidos por policiais presos junto 
com o delegado Oscar Cardoso na operação “Tribunal de Rua”, ocorrida em 
outubro do ano passado. Porém, as investigações dão conta de que o 
sequestro e extorção foram praticados por outro grupo.
Até
 o final da tarde desta segunda, a polícia já tinha nomes de alguns 
suspeitos de envolvimento na morte de Oscar Cardoso. Entre eles estava o
 do ex-presidiário Fábio Diego Matos de Oliveira, o “Piu Piu”, que foi 
preso por tráfico de droga, mas solto no dia 7 deste mês.
Segundo
 a polícia, Piu Piu é sobrinho do traficante Dermilson Júlio Ferreira da
 Silva, o “Sassá da 14”. Os dois são membros da facção criminosa Família
 do Norte (FDN). Piu Piu foi reconhecido por testemunhas que viram Oscar
 sendo executado.
Policiais acusados de extorsão a traficantes
A
 operação “Tribunal de Rua”, deflagrada pela Secretaria Executiva 
Adjunta de Inteligência (Seai), prendeu o ex-delegado-coordenador da 
Força Tarefa da Secretaria de Segurança Pública, Oscar Cardoso, o 
sargento da Polícia Militar Eimar Magalhães Ribeiro (sargento), o cabo 
José Samuel Spener e os soldados Ronaldo Bacuri Machado, Nadison de 
Souza Miranda, Donato Paz da Silva e Williame de Souza Castro, além do 
ex-PM Wanderlan Fernandes.
O
 grupo, que deveria combater o crime organizado no Amazonas, foi acusado
 pelos crimes de extorsão, tráfico de droga e associação para o tráfico.
De
 acordo com as investigações, o grupo apreendia a droga de um grupo de 
traficante e vendia para outro, ou para o mesmo, e ainda exigia altas 
somas em dinheiro para que não os prendessem. Segundo consta no processo
 que tramita na 2ª Vara Especializada em Combate ao Uso e Tráfico de 
Entorpecentes (Vecute), o grupo de policiais extorquiu traficantes de 
alta periculosidade e ainda ficou com a droga deles. A atuação do grupo é
 relatada no processo e detalhada por transcrições das escutas 
telefônicas feitas com autorização da Justiça, em que aparecem diálogos 
entre os suspeitos, negociando as ações e extorsões.
Segundo
 os documentos, Alderino Coelho Gama, o “Marcos”, era uma espécie de 
informante do grupo de policiais. Ele trabalhava em embarcações 
transportando passageiro e, entre as cargas, trazia droga. Marcos 
fornecia aos policiais informações sobre a pessoa que iria receber o 
entorpecente. Elas eram abordadas, extorquidas e obrigadas a entregar a 
droga.
Em
 junho do ano passado, Marcos foi preso em flagrante junto com a mulher 
dele, Auderlane Sales Pinheiro, pelo crime de tráfico de droga e 
associação para o tráfico. Na casa deles foram apreendidos 2,5 quilos de
 cocaína e, na Secretaria Executiva Adjunta de Inteligência (Seai), ele 
confirmou que tinha recebido a droga de Vanderlan, Nadison e Ronaldo e 
que era parte de um carregamento de 11 quilos que eles haviam 
apreendido.
O
 grupo de policiais prendeu o traficante Leonardo da Costa Andrade, o 
“Macaco”, e a mulher dele, que não teve o nome revelado. A prisão 
aconteceu em agosto de 2013. O carro em que o casal estava foi abordado 
por um Corsa Classic de cor bronze. A mulher reconheceu os homens como 
sendo Donato Paz da Silva e Willian de Souza Castro. Eles levaram R$ 5 
mil que ela tinha na bolsa e, mais tarde, chegou um Voyage da SSP, com 
cinco homens.
A
 mulher reconheceu os homens como sendo os policiais Ronaldo, Vanderlan 
Einar, José Samuel e o delegado Oscar Cardoso. Eles exigiram R$ 100 mil 
pela liberação do casal, mas acabaram deixando por R$ 55 mil e 
abandonaram os presos no Distrito Industrial, nas proximidades da 
fábrica Samsung.
 
 
 
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