COMO SE FAZ UMA REVOLUÇÃO?

Por Márcio Melo*

De Jacobina-BA

Nós, professores do Brasil, estamos de novo em PARALISAÇÃO NACIONAL. E os motivos são justíssimos: 1. Aumentar os recursos destinados à educação em nosso país. A categoria exige 10% do PIB (Produto Interno Bruto) que, com isso, possibilitaria a melhoria da merenda escolar, do material didático, do transporte escolar, da infraestrutura das creches e escolas etc; 2. Aplicação do Piso Salarial Nacional dos Profissionais do Magistério; 3. Aprovar o Plano de Carreira dos Profissionais de Educação.

Mas temos aqui conosco, nesse momento que é não só de luta e reivindicação, mas também de reflexão, algumas questões que inquietam a muitos que estão na luta: onde entramos nós, profissionais da Educação, nessa história toda? Ou será sempre mais do mesmo: uns poucos na luta, dando a cara para bater, enquanto a maioria fica em suas casas, curtindo, viajando? Quantos de nós já leram pelo menos UMA obra (livro) dos três maiores teóricos da Educação – Anísio Teixeira, Paulo Freire e Darcy Ribeiro?

Esses questionamentos precisam ser dimensionados, pensados por todos nós porque, para que possamos nos inserir dentro de um contexto, de uma luta, de uma história, precisamos conhecer este contexto, esta luta, esta história. O fracasso da Educação é também o fracasso do país. E esses dois grandes fracassos decorrem exatamente de uma história mal construída, de uma educação de qualidade que sempre foi feita por e para as elites dominantes, em detrimento da maioria da população: os pobres, o povo. Precisamos conhecer e ler os livros de Anísio, Paulo e Darcy, porque são eles que tratam dessa história mal contada, são eles que nos convocam para uma luta mais consciente, uma união em prol dos pobres da nação, porque as elites, durante 500 anos, já tiveram tudo. Agora é a vez do povo (90% da população) ter tudo! Nesses últimos dez anos, a coisa tem melhorado claro, mas falta muito ainda; há muito ainda para ser feito. Façamos valer, na prática, no dia a dia, os lemas “Brasil: Um País de Todos” e “Brasil: País Rico é País Sem Miséria”. Seremos um país de todos e sem miséria, quando valorizarmos realmente a Educação Popular!

A verdadeira revolução, caros colegas professores e sociedade, é a EDUCAÇÃO POPULAR DE QUALIDADE. E os grandes teóricos dessa Revolução são Paulo Freire, Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro. Se não conhecemos esses teóricos, se não lemos os seus livros, não teremos bases para saber o que está acontecendo, para saber o contexto no qual estamos inseridos. Enfim, não teremos bases para “tocar” esta Revolução que eles iniciaram.

E como disse o mestre Paulo Freire no seu livro Pedagogia da Esperança: Um Reencontro com a Pedagogia do Oprimido: “Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por imperativo existencial e histórico”. Sejamos esperançosos sim, mas não esqueçamos da luta!

E vamos à luta.

(Márcio Melo, professor da Rede Estadual de Ensino há treze anos e universitário há três)

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